Reflexão do Evangelho de domingo 25 de setembro
Reflexão do
Evangelho de domingo 25 de setembro
Lc 16, 19-31 - Parábola do mau rico e do pobre Lázaro
A parábola fala
de um homem muito rico, não propriamente cruel ou desdenhoso, mas que, simplesmente,
ignora o pobre mendigo, prostrado à porta de sua casa, definhando-se. Requintadamente
vestido, ele se deleita em sua riqueza, o que leva S. Jerônimo a exclamar: “Ó,
mais infeliz entre os homens, vês um membro do teu corpo prostrado diante da
porta e não tens compaixão. Em meio às tuas riquezas, o que fazes do que te é supérfluo?
”. Hoje, perante tantos famintos, desprezados e rejeitados, a mesma indignação
brama em nossos corações. No entanto, no dizer do Papa Francisco, “muitos se
acomodam e se esquecem dos outros, não veem seus problemas, suas chagas e
dores. Estes caem no indiferentismo”.
Quando ambos morreram, os anjos levaram o pobre Lázaro “para junto de
Abraão”, enquanto o rico permanece “na região dos mortos, no meio dos
tormentos”. O abismo que os separa foi criado ao longo da vida terrena, pois Lázaro
não é simplesmente um pobre, mas representa também um homem de fé, que não
perde a esperança em Deus, apesar de uma vida adversa e sofredora. Aliás, o
nome Lázaro significa “Deus é meu auxílio”. O rico indica alguém que, neste
mundo, não vê nada além das riquezas, permanecendo preso aos bens materiais e
aos prazeres humanos. É significativo o fato
de Jesus, observa S. Agostinho, “não se referir ao nome do rico, mas dizer apenas
o nome do pobre. O nome do rico andava de boca em boca, mas Deus não o nomeia; silenciavam
o nome do pobre, mas Deus o revela. Assim, Deus, que habita no céu, silencia o
nome do rico porque não o encontra inscrito no céu. Porém, declara o nome do
pobre porque aí o encontra inscrito, por sua própria solicitação”.
Pródiga em
imagens, a parábola retrata a retribuição concedida a Lázaro e os sofrimentos
do rico. Severidade do Mestre? O foco da parábola é outro; o que é ressaltado,
não são os sofrimentos do rico, mas os ensinamentos dos profetas, que falam da
esmola e de suas consequências para a eternidade, pois ela “cobre uma multidão
de pecados”. Com o tempo se esquece das ideias fundamentais de paz, de partilha
de bens e de caridade. Em Jesus Cristo recebemos a resposta definitiva de que o
serviço de amor e solidariedade é caminho para a vida e que a figura dos pobres
emerge como força salvadora, por serem eles, no dizer de S. Gregório de Nissa,
“os administradores da nossa esperança”. Consequentemente, a parábola anuncia
uma experiência de profunda intimidade com Deus.
Dom Fernando
Antônio Figueiredo, OFM
Comentários
Postar um comentário