Reflexão do Evangelho de sábado 01 de outubro
Reflexão do Evangelho de sábado 01 de outubro
Lc 10,17-24 - Evangelho revelado aos simples
(Santa Terezinha do Menino Jesus)
Como relatam os Evangelhos, o grupo itinerante de Jesus com seus
discípulos experimenta cada dia Deus como Pai, que o guarda e cuida de suas
necessidades cotidianas. Essa experiência de Deus como Pai não é desconhecida a
Israel, embora nas preces habituais, no tempo de Jesus, não se dirigisse a Deus
como Pai. A oração do Pai-Nosso imprimiu-se de modo marcante na memória dos
discípulos, o que revela evidentemente a lembrança que eles tinham da atitude do
Mestre em relação a Deus: modo simples, espontâneo e natural, que permaneceu bem
presente no coração deles. Torna-se, então, a prece central da comunidade
cristã, que, segundo a Didaqué, pequeno catecismo escrito entre os anos 60 e
80, devia ser recitado três vezes ao dia.
Após render graças ao Pai, que “escondeu estas
coisas aos sábios e inteligentes e as revelou aos pequeninos”, Jesus declara
que “ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o
Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. Em seu sentido bíblico, o
verbo conhecer exprime união interior tanto no pensar como no querer entre
aquele que conhece e aquele que é conhecido, o que nos permite reconhecer a
intimidade, a comunhão total e perfeita de Jesus com o Pai, fonte de vida para os
membros da comunidade.
Este conhecimento do Pai é transmitido por Jesus
a quem lhe apraz. Não de modo arbitrário, mas aos que se dispõem interiormente,
pois a união com o Pai não se realiza independentemente da cooperação do homem.
Apesar de se falar da proximidade pessoal de um Deus, que habita no meio do seu
povo, os escribas e fariseus se prendiam a uma multiplicidade de prescrições e
normas, que os levava a não entenderem as palavras de Jesus; em seu orgulho
intelectual e frieza de coração, fechavam-se para as coisas de Deus e de seu
Reino. Ao invés, esses segredos são revelados por Ele aos pequenos e humildes, que,
na simplicidade, abrem seus corações a Deus e à sua vontade. Neles, cumpre-se a
Bem-aventurança, na qual Jesus proclama felizes os puros de coração porque eles
verão a Deus.
Por conseguinte, ao ouvirem e acolherem as
palavras de Jesus, os simples e pequenos são introduzidos na intimidade da vida
de comunhão do Pai com o Filho, pois, no dizer de São Gregório de Nazianzo, “o
Senhor se faz pobre; suporta a pobreza de minha carne para que eu alcance os
tesouros de sua divindade. Ele tudo tem, de tudo se despoja; por um breve tempo
se despoja mesmo de sua glória para que eu possa participar de sua plenitude”.
Eis a maior riqueza comunicada ao ser humano pelo amor transbordante de Jesus:
fazer parte da vida íntima do Pai, sendo misericordioso como Ele é
misericordioso.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
Obrigado p/ reflexão D. Fernando.
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