Reflexão do Evangelho de sábado 24 de setembro
Reflexão do
Evangelho de sábado 24 de setembro
Lc 9, 43-45 -
Segundo anúncio da paixão
O primeiro
anúncio da Paixão deu-se após a confissão de Pedro em Cesareia. Na ocasião,
Jesus confere a Pedro uma função de primeiro plano em sua Igreja: “Tu és Pedro
e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”. Naquele momento, Pedro não tinha
ainda compreendido a missão do Mestre em toda a sua extensão. Presos à imagem
do Messias terreno, que iria restaurar o reino de Israel, os Apóstolos sentiam
dificuldades em acolher o anúncio do seu sofrimento e de sua morte dolorosa.
Desta vez, porém, eles já têm conhecimento dos ensinamentos de Jesus e da sua
rejeição a todo poder terreno.
Com efeito, o segundo anúncio deu-se após a Transfiguração de Jesus no
monte Tabor, momento de glória e de intimidade com o Pai. “Lá diante deles, escreve
S. Cirilo de Alexandria, Jesus se transfigurou, seu rosto resplandeceu como o
sol. Mostrando-lhes a glória com a qual, no tempo devido, ele ressuscitaria dos
mortos, prepara-os para que a hora da cruz e de sua morte não fosse ocasião de
escândalo”. Mesmo assim, os Apóstolos não deixam de estranhar suas palavras,
pois não tinham entendido bem a razão do seu sofrimento e que papel eles iriam
desempenhar em tal acontecimento. Eles tinham a convicção de que a irrupção do
Reino de Deus era iminente e significava o refazimento do reino de Davi. Mas
Jesus o entende de modo diferente: o Reino é a manifestação da incondicional
vontade divina de salvar, que o Apóstolo S. Paulo bem compreendeu e proclama: “Todo
Israel será salvo”, isto é, a totalidade de Israel e todos aqueles que
receberam o Evangelho pela graça de Deus. A iniciativa é de Deus, que manifesta
sua misericórdia a todos.
Evidentemente, a compreensão dos Apóstolos não foi imediata. Só mais
tarde, depois da ressurreição de Jesus e de Pentecostes, eles irão compreender
que foi justamente com a sua morte que o Filho de Deus se uniu profundamente a
nós, identificando-se conosco na solidão da cruz e da morte. Seus olhos
interiores reconhecerão que o Deus eterno e imortal uniu-se com a imagem
pecadora e mortal, para conduzi-la, por força da graça divina, à sua
restauração gloriosa. Na certeza de que os dons de Deus são irrevogáveis, maravilhados,
eles levam a mensagem de Jesus para o mundo afora, e estabelecem comunidades,
que tem, como centro e coração de sua vida, a Eucaristia, fonte de luz para os
cristãos, peregrinos no tempo.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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