Reflexão do Evangelho de terça-feira 13 de setembro
Reflexão do
Evangelho de terça-feira 13 de setembro
Lc 7, 11-17 -
Ressurreição do filho da viúva de Naim
Dois cortejos encontram-se: um, seguindo o enterro do filho de uma viúva
e outro, acompanhando o Senhor. A morte e a vida. O Evangelista destaca aspectos
comoventes: o morto é um jovem, filho único de uma viúva. Jesus não passa ao
largo. De sua parte, não há desinteresse ou abandono, mas acolhimento e
bondade. Vendo-a, Ele “ficou comovido e disse-lhe: ‘não chores’”; é o vulto
humano de um Deus solidário a nós, verdadeiro homem, e homem de coração. Movido
em suas entranhas, mais do que simples pesar ou dor por aquela mulher, Jesus
manifesta a imensa ternura de Deus diante da miséria humana. Ele teve compaixão
ao ver a multidão que vagava qual rebanho sem pastor, como também ao ouvir as
súplicas do cego de Jericó. Compaixão do Bom Samaritano, como também a do pai
diante do filho pródigo. Agora, neste episódio comovedor, a misericórdia divina
toma a dianteira, antes mesmo que a fé peça o milagre, como destaca S. Cirilo
de Alexandria: “Ninguém lhe pediu para trazer à vida o morto, mas ele o faz por
iniciativa própria”.
Com palavras de todo o mundo, Jesus transmitia
mensagens que inundavam a todos os corações, e com a sua simples presença dava
novo alento, como naquele instante, àquela mulher, que se sentia só e insegura.
Consideremos a condição de vida de uma viúva, naquele tempo: era precária e ela
dependia para tudo de seus filhos homens ou dos parentes do marido. Num impulso
generoso e espontâneo, Jesus vem em socorro da mulher, o que leva Chesterton a
comparar “a história de Cristo com a história de uma viagem – ou ainda – a
história de uma campanha, de uma expedição”: suas palavras não sugerem o
conformismo, tampouco uma visão estática da bem-aventurança futura.
Jesus, em sua pessoa e em sua conduta, é tão humano, que alguns chegam a
dizer que Ele não pode ser senão Deus. E é nessa dedicação misericordiosa que
Ele ressuscita o filho da viúva, mediante uma simples palavra: “Jovem, eu te
ordeno, levanta-te! ”. A ressurreição física do jovem anuncia todas as
ressurreições que hão de vir, inclusive a ressurreição da morte espiritual para
a qual o pecado nos arrasta. Nesse sentido, Santo Ambrósio assinala que “mesmo
se há pecado grave, do qual não podeis vos lavar por vós mesmos pelas lágrimas
do arrependimento, por vós a Igreja como mãe chora e intercede por todo filho
como a mãe viúva por seus filhos únicos, sobretudo ao ver seus filhos atraídos
para a morte por causa dos vícios funestos”. Por conseguinte, em Cristo e pelo
Espírito Santo, a humanidade retoma o seu destino original, escatológico e
misterioso: na esperança, ela participa, desde já, de uma vida nova e eterna.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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