Reflexão do Evangelho de sábado 03 de setembro
Reflexão do
Evangelho de sábado 03 de setembro
Lc 6,1-5 - A
colheita das espigas
O Sábado encerra o ritmo sacro da semana
com um dia de encontro cultual e de repouso para todos, escravos e livres. Particularmente,
é um dia reservado à oração e à meditação, alimentos necessários à alma; também,
é ocasião para celebrar a bondade de Deus e a grandeza de sua obra criadora. Mas
havia os que o interpretavam de modo muito estrito, e exigiam a sua observância
com todo rigor. São os escribas e fariseus, que ficaram escandalizados quando viram
os discípulos de Jesus, movidos pela fome, colherem umas espigas de milho para
comer, o que não era estranho aos costumes da época, não, porém, em dia de
sábado.
Os fariseus não consideraram o
comportamento dos discípulos como consequência de uma necessidade premente,
fato que justificaria a ação deles, mas responsabilizaram o Mestre, questionando
sua autoridade para dispensá-los das obrigações legais, aceitas por todos. Em
resposta, Jesus os envia a Davi, que, num dia em que teve fome, ele e seus
companheiros entraram na casa de Deus e comeram os pães da proposição, direito
que cabia unicamente aos sacerdotes. Trata-se agora do Filho do Homem, que censura
o rigorismo exagerado dos fariseus e lembra que o sábado não é para ser visto
como uma lei arbitrária e tirânica, mas como um dia da semana que proclama e
recorda a todos a disposição benevolente de Deus para proteger o homem em sua
vida e em seu trabalho.
Jesus não incita a trabalhar no sábado; quer
apenas fazê-los compreender que o sábado jamais exclui as obras de caridade e os
atos de misericórdia para com o próximo. Sua crítica não se dirige contra a
Lei, mas contra as obrigações formais e as prescrições jurídicas, que se
distanciaram de seu sentido religioso e se tornaram pesados fardos colocados sobre
os ombros do povo. Por isso, como profeta que busca o bem da humanidade, Ele se
volta para os fariseus, que hostilizam os discípulos, e afirma: “No dia de
sábado é permitido fazer o bem”. Pouco antes, Ele havia dito: “O sábado foi
feito para o homem, não o homem para o sábado”, suscitando a ideia de que todos
aqueles que têm a Lei de Deus no coração agem com misericórdia, inclusive no
sábado. Porém, os escribas e fariseus permanecem irredutíveis.
Logo em seguida, sem se perturbar, Jesus
entra na sinagoga, centro de influência dos fariseus, e cura a mão atrofiada de
um homem, lançando um desafio: “Será permitido no sábado fazer o bem ou fazer o
mal? Salvar ou tirar uma vida? ”. Assim, eles são novamente convidados, destaca
S. Cirilo de Alexandria, “à prática das obras de misericórdia que Deus espera
de todos nós”. Sem desprezar o antigo edifício, o Senhor constrói um novo, no
qual presidem a caridade, a fé e a atitude espiritual interior, manifestada no
“fazer o bem”; ora, o muro erguido por eles, em redor da Lei, os impede de “ajudar
um homem infeliz”, obra sabática por excelência.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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