Reflexão do Evangelho de segunda-feira 05 de setembro





Reflexão do Evangelho de segunda-feira 05 de setembro
Lc 6,6-11 - A cura do homem com mão atrofiada

A cena da cura de um homem com mão atrofiada se passa numa sinagoga, em dia de sábado. Lá está Jesus, de semblante sereno e olhar penetrante, observado atentamente pelos escribas e fariseus, que desejavam “ver se Ele curaria no sábado, para assim encontrarem algo com que o acusar”. Buscavam motivos para justificar sua condenação, fato já consumado em seus corações. Justamente naquele momento, Jesus anuncia a intenção básica de sua pregação: revelar o Reino de Deus, que é presença da vontade salvadora e da misericórdia do Pai. Porém, sem se preocupar com os olhares traiçoeiros dos que o cercavam, mostrando-se profundamente humano, Ele pede ao homem que venha para o meio da assembleia. Fascinado por sua voz, contudo, tenso e trêmulo, ele se aproxima e permanece de pé, diante de Jesus, que, sem tergiversar, num gesto de afrontamento, o acolhe na imensa pátria de sua alma, e realiza o milagre. Sem condená-lo, apenas desejando levá-lo à conversão, fala-lhe ao coração, perguntando se, em dia de sábado, é permitido fazer o bem ou o mal, salvar sua vida ou arruiná-la. O silêncio é total, os olhos de todos envolvem aquele pobre homem, fortalecido em sua vontade frágil. Os fariseus, obstinados e presos às prescrições rituais, não percebem que Jesus os coloca diante do autêntico sentido da Lei: ser livre para “fazer o bem”.
Paradoxalmente, o finito e o infinito unem-se em Jesus, pois, em sua liberdade, sendo sempre verdadeiramente homem, Ele revela sua abertura ao ilimitado da misericórdia divina. Permanece a questão: ser curado no sábado, pecado? Não, certamente! A Lei não é negada, pois Ele não é o intérprete da Lei, mas sim o intérprete do amor do Pai, Aquele que tudo criou e que, em seu Filho, oferece o perdão restaurador ao homem de mão atrofiada. No entanto, de olhar arrogante, os fariseus, no cuidado obsessivo da Lei, sentiram-se ameaçados e, com o coração endurecido (porósei), “enfureceram-se e combinavam entre si o que fariam a Jesus”.
O mensageiro do amor divino “corre os olhos sobre todos eles” e, fixando-os com um olhar severo, ao mesmo tempo melancólico e suave, envia-lhes em socorro sua imensa bondade, expressa ao dizer ao enfermo: “Estende a mão; e ela voltou ao estado normal”. Milagre, que S. Ambrósio estende a todo cristão: “Também tu, que crês ter a mão sã, atingida, porém, pela avareza ou pelo sacrilégio, estende-a para o pobre que suplica, para ajudar o próximo, socorrer a viúva ou para corrigir a injustiça. Estende-a para Deus por todos os teus pecados e ela será curada”. Por sua vez, S. Pedro Crisólogo conclui: “Naquele homem, verifica-se a cura de todos, nele renova-se a salvação de todos, esperada durante tanto tempo”.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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