Reflexão do Evangelho de terça-feira 20 de setembro
Reflexão do
Evangelho de terça-feira 20 de setembro
Lc 8,19-21 - Os
verdadeiros parentes de Jesus
A multidão é
grande. A mãe de Jesus e seus parentes estão fora e desejam vê-lo. Os
discípulos notam a presença deles e avisam o Mestre, que, sem desprezá-los,
aproveita a ocasião para indicar como seus verdadeiros parentes os que são
obedientes à vontade do Pai que está nos céus. A propósito, pergunta-lhes: “Quem
é minha mãe e quem são meus irmãos?”. Escreve Teodoro de Mopsuéstia: “Ele os
interroga não para afastar a mãe e os irmãos, mas para reafirmar que prefere a
afinidade espiritual a todo parentesco corpóreo”. As palavras do Mestre visam
convocar os discípulos para fazerem parte da Aliança como membros de uma nova
família, a família dos “santos”, aqui na terra e no céu.
A grandeza de
Maria repousa não apenas sobre o fato de ela ser a Mãe do Filho de Deus, mas muito
mais por causa de sua fé, que nela atinge tal profundidade e intensidade, que a
concepção de Jesus será a resposta benevolente da misericórdia divina à sua
vida de oração e à sua entrega total à vontade do Pai. Assim como “o Espírito
Santo, escreve S. Cirilo de Alexandria, personaliza a santidade divina, Maria personaliza
a santidade humana”.
Acontecimento maravilhoso
e culminante da história da salvação, atestado por S. Lucas no início do
Evangelho: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo armará sua
tenda em ti (episkiásei soi); por
isso, o Santo que nascer será chamado Filho de Deus” (1,35). Ao armar nela sua
tenda, o Espírito divino a erigiu em figura da Igreja, porque inseparável da
pessoa e da obra de seu Filho, que nela assumiu a nossa humanidade, Maria se torna
a Mãe do corpo de Cristo, que abarca toda a humanidade: por Jesus de Nazaré, o
Filho de Deus se fez um de nós, em tudo, menos no pecado.
Em sua resposta ao Anjo: “Faz-se” (fiat),
e em sua declaração: “Eis a serva do Senhor”, ela professa sua fé, numa entrega
confiante, sem reservas, a Deus, manifestando estar pronta para receber o dom
gratuito e pleno de Deus: seu Filho, que nela se encarna. Nesse sentido,
observa S. Agostinho: “Santa Maria fez a vontade do Pai e a fez inteiramente;
por isso, vale mais para Maria ter sido discípula de Jesus do que sua Mãe.
Feliz era Maria, porque antes de gerá-lo, já o trazia em seu coração”.
Também nós, discípulos de Jesus, na medida em que acolhemos a Palavra
de Deus e ela se efetiva em nós, tornamo-nos membros da família espiritual, da
qual Maria é a Mãe.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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