Reflexão do Evangelho de sábado 10 de setembro





Reflexão do Evangelho de sábado 10 de setembro
Lc 6, 43-49 -  Árvore julgada pelos frutos

Os fariseus e escribas, desprezando Jesus e seus discípulos, provenientes, na maior parte, da Galileia, acusavam-no de impostor e esforçavam-se para convencer o povo de que a expulsão de demônios resultava de um acordo comum, que Ele fizera com o “príncipe” dos demônios, Beelzebu. Jesus, levantando seus olhos, não os acusa, mas adverte aos discípulos que não bastam palavras; é preciso evitar o perigo da hipocrisia em que o exterior, embora manifeste estar em conformidade com a Lei, não corresponde às intenções interiores. Diz S. Cirilo de Alexandria: “Quem vem a nós não deve ser honrado e exaltado pelas vestes que traz, mas pelo que realmente é”. O caráter surpreendente da vida de Jesus nos fala à razão e ao coração, legando uma prática de coerência entre as palavras e as decisões tomadas, sem destemor, em prol do bem e da unidade. Ele não só estabelece a paz, mas reconcilia com Deus todos os seres humanos, que possuem a característica de se transcender e alcançar a vida divina: eles são inseridos no processo de transfiguração, segundo a realidade manifestada por Ele no monte Tabor.
Jesus falava de um coração bom e sincero para exprimir a vida interior com toda sua vontade, seu pensamento e sua sensibilidade: uma vida assentada sobre a Lei, considerada como aliança de graça, aliança outrora estabelecida com Israel, e não como um fardo de prescrições a serem cumpridas. Jesus quer preservar os Apóstolos do perigo da hipocrisia, mostrando-lhes a necessidade de ouvir a voz de Deus e ser obediente às suas Palavras, pois “não há árvore boa que dê maus frutos, e nem árvore má que dê frutos bons”. Sem sobrepor o espiritual em relação ao natural, aquele que é redimido por Ele vive num diálogo amoroso e gratuito com Deus, de sorte que se efetive entre eles uma mútua interpenetração. Nesse sentido, os atos, de quem busca viver a divina exigência de santidade, são bons, enquanto os maus frutos resultam de um coração maldoso e falso, e produzem uma religião fácil, que elimina a verdadeira penitência e a cruz. Em outras palavras, “se o homem bom tira do seu coração o bem como de um bom tesouro” e produz frutos de justiça, de vida e de amor, “o indigno e maldoso, conclui S. Cirilo, vomita a sua secreta impureza”.
O Mestre conclui enviando os discípulos à prática, exortando-os a não se deixarem levar pelos que não são o que dizem ser ou não fazem o que pregam. A incoerência ou divisão é desconhecida para Deus. Os próprios termos hebraicos, falar, rhêma, e fazer, dâbâr significam essa unidade, confirmada por Jesus, em sua advertência final: “Por que me chamais ‘Senhor! Senhor! ’, mas não fazeis o que eu digo? ”.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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