Reflexão do Evangelho domingo 04 de setembro
Reflexão do
Evangelho domingo 04 de setembro
Lc 14, 25-33 -
Renunciar ao que temos de mais caro
Multidões, movidas
pelo desejo de unidade e de amor, seguem Jesus de perto. Mas só após algum
tempo, muitos de seus ouvintes começam a compreender que a estrada que conduz
ao Reino passa pela renúncia, não do que são, mas daquilo no que se converteram,
por não corresponderem à imagem de Deus impressa neles. Seguir Jesus é nascer
do alto; é transformar sua vida num dom para os outros. Em outras palavras, seguir
Jesus é estar pronto a se colocar totalmente a serviço de seus semelhantes, pois
o próprio Senhor diz: “Se alguém vem a mim e não odeia pai e mãe, mulher,
filhos, irmãos, irmãs e até a própria vida, não pode ser meu discípulo”.
Suas palavras são
fortes e provocadoras. Observa S. Basílio Magno: “Falando desse modo, Jesus não
deseja despertar em nossos corações tramas e insídias, mas conduzir-nos à virtude
da piedade e a rejeitar a voz dos que procuram desviar-nos dos ensinamentos
divinos”. Neste contexto, o verbo odiar significa “ter em menos conta”, e,
segundo um modo de falar semítico, ele realça a recomendação dada pelo Senhor
aos discípulos, para que não atribuam às realidades do mundo um valor supremo,
mas enamorem-se do bem, da verdade e da luz. Então, a renúncia revela seu sentido
espiritual construtivo, aliás, a mensagem de Jesus tem sempre uma orientação
positiva, diante do amor misericordioso do Pai, que deseja vida, paz e
felicidade para a humanidade. Aquele que o segue, renascido e purificado, amará
profunda e santamente, seus pais, filhos, parentes e até seus inimigos.
O “Instante” de
Jesus era o grande sinal de uma nova realidade: a transposição da instituição
terrestre de Israel a um plano de realidade espiritual, o tempo novo, previsto
pelos profetas. Se sua pregação provoca a adesão de muitos, muitos outros a recusam,
pois não se dispõem a passar pela vitória sobre si mesmo e a se colocarem num
serviço, livre e despretensioso, a Deus e aos irmãos. Os que acolhem a sua
Palavra se abrem para um mundo novo e atendem à sua incondicional exigência de uma
mudança (metanoia) em seu próprio
modo de pensar e de viver: eles confiam na pessoa de Jesus, que lhes concede o
perdão e a comunhão salutar com o Pai.
Dom Fernando
Antônio Figueiredo, OFM
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