Reflexão do Evangelho - Domingo, 05 de fevereiro
Reflexão do Evangelho
Domingo, 05 de fevereiro
Mt 5, 13-16 - Vós sois o sal da terra e
a luz do mundo
Com
a vinda de Jesus, o Filho de Deus, o céu aproximou-se da terra, e foi
inaugurado o “dia do Senhor”, pois, na simplicidade do cotidiano, Ele nos ensinou
a louvar a Deus, sempre pronto a abençoar a criação e a amar a humanidade. Sua
vida na terra foi marcada pela dedicação misericordiosa e excepcional bondade
para com os seus semelhantes, instaurando uma nova ordem, em que o seu amor ia
de Deus às criaturas mais humildes e desprezadas. Ao assumir de Maria a nossa
humanidade, fomos inseridos em sua própria vida, e afastaram-se do nosso
coração o medo, a angústia e a solidão, levando S. Atanásio a proclamar: “Deus
criou o mundo para que Ele se tornasse homem e para que o homem se tornasse
deus pela graça, e participasse da vida divina”.
Continuadores de sua missão, os
Apóstolos e os discípulos recebem a incumbência de proclamar aos povos e nações
uma fé viva e eficaz, capaz de levar homens de todas as raças a se respeitarem
no amor e no perdão. Para caracterizar
bem essa missão de diálogo e de compreensão mútua, Jesus utiliza imagens
simples e populares: “Vós sois o sal da terra; vós sois a luz do mundo”. O sal,
valiosa mercadoria no mundo antigo, purifica, penetra e preserva os alimentos;
mas impuro, torna-se insípido e perde todo o seu valor e nada há que possa
restituir o seu sabor. Caso assim forem seus seguidores, eles serão desdenhados
pelo povo e as suas palavras não terão força. Porém, caso sejam sal puro, suas
palavras e ações penetrarão seus ouvintes, comunicando-lhes os valores do
Evangelho, e eles serão não simplesmente um prolongamento da vida social, mas a
expressão da liberdade, vivida numa comunidade de fé, fundada sobre a caridade
e a humanidade.
Como luz de um mundo, que carece da paz
e da verdade de Deus, os discípulos serão uma voz profética, que fará eco à
misericórdia da comunhão fraterna e ao esplendor de uma vida de santidade,
livre de preconceitos, de privilégios, de arrogâncias, jamais admitindo a
duplicidade de uma alma dividida (dipsychia).
Daí o fato de a luz expressar, no mundo judaico, a beleza interior e a verdade
do ser humano em Deus, recebendo o mestre da “verdadeira Lei” o título de “luz
do mundo”. Nesse sentido, é emblemática a apresentação de Jesus no Templo,
quando, tendo em seus braços o Menino Jesus, o profeta Simeão proclama: “Agora,
Soberano Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra;
porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste em face de todos os
povos, luz para iluminar as nações, e glória de teu povo, Israel” (Lc 2,29s).
Mais tarde, em sua vida pública, ao criticar os fariseus por acrescentarem à
Lei centenas de pequenas prescrições, Jesus remeterá seus seguidores à
autêntica herança espiritual de Moisés e dos Profetas: Ele é o verdadeiro
Mestre da Lei; Ele é a Luz do mundo.
Dom Fernando
Antônio Figueiredo, ofm
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