Reflexão do Evangelho - Sábado, 18 de fevereiro

Reflexão do Evangelho
Sábado, 18 de fevereiro
Mc 9,2-13 - Transfiguração do Senhor
       
       
        A fonte de inspiração e a referência essencial da vida cristã é a nossa solidariedade com Jesus, pois, pela sua Encarnação, nossa vida, morte, dor, sofrimento estão incluídos em sua obra redentora. Sua ressurreição, podemos dizer, é a vitória definitiva do primeiro de todos os homens; é a luz que ilumina não só o nosso futuro, mas também o momento presente como atesta a Transfiguração, evidência e certeza na fé de que o homem, caído em Adão, reergue-se em Jesus e participa, desde já, da vida feliz e eterna em Deus.  
No alto da montanha, contemplando a face do Cristo transfigurado, os Apóstolos sentem-se inebriados, e, pasmos, desejam perpetuar aquele momento: “Façamos três tendas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”.  Emocionados, eles partilham da glória de Cristo, vendo-o falar com Moisés, o grande legislador de Israel, e com Elias, o maior dos profetas. Longe de se evaporar na glória celeste, a humanidade de Jesus permite-lhes contemplar a luz eterna de sua divindade e compreender que, em sua vitória, eles já participam, misteriosamente, de sua transfiguração. No Messias humilhado e sofredor da cruz, eles serão tocados pelo Filho do Homem, que os conduzirá ao coração misericordioso do Pai; agora, transfigurado, sua face reflete o fascínio irresistível daquele que cria ao seu redor uma atmosfera de paz, de amor e de alegria, levando Pedro a exclamar: “Rabi, é bom estarmos aqui”.
Através da abertura do mistério, os Apóstolos entreveem o Filho de Deus na face humana de Jesus e, na treva mais que luminosa do silêncio, sentem-se arrebatados e completamente maravilhados: realização do desígnio originário de Deus, que os envolve, integralmente, corpo, alma e espírito. S. Gregório Palamas dirá: “Se o corpo deve tomar parte, com a alma, dos bens inefáveis no século futuro, é certo que também deles deve participar, na medida do possível, desde esta vida”.
 Por conseguinte, a Transfiguração de Jesus assegura-nos que, graças à misericórdia divina, teremos também, na medida de nossa fé e de nossas obras, de nossa esperança e de nossa caridade, um corpo transfigurado semelhante ao do Senhor. Lá, no alto do monte Tabor, engalanado de luz, Jesus prenuncia o início da verdadeira nova criação de Deus, que desponta e madura dentro da vida do homem mortal: trata-se do corpo transfigurado, livre dos incômodos terrestres e participante da glória de Deus, na expectativa da segunda vinda do Senhor, que marcará o triunfo visível de Deus. Com a ressurreição final, a morte, sem deixar de ser um fator da vida humana, não dominará mais o homem em seu destino final, pois “assim como todos morreram em Adão, todos reviverão em Cristo” (1Cor 15,22).


Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm


Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Reflexão do Evangelho de Lc 9, 51-56 - Jesus não é acolhido pelos samaritanos - Terça-feira 30 de Setembro

Reflexão do Evangelho de Jo 7,37-39 - Promessa da água viva - Sábado 07 de Junho

Reflexão do Evangelho de Lc 11, 5-13 – A oração perseverante (amigo importuno) - Quinta-feira 09 de Outubro