Reflexão do Evangelho - Mc 6,30-34 - Multiplicação dos pães




Sábado, 04 de fevereiro
Mc 6,30-34 - Multiplicação dos pães (introdução)


        Cansados, os Apóstolos se reúnem com Jesus para contar-lhe o que tinham feito e ensinado. Ele os conduz para um lugar solitário, onde pudessem meditar e refazer as suas forças. Ele insiste que eles repousassem, afastados da multidão, que, no entanto, não o abandona; segue-o, talvez movida por curiosidade ou por gratidão pelos benefícios recebidos. Jesus não se sente incomodado ou perturbado, mas, enternecido, volta a ensinar. As horas passam e o povo que o seguiu não tem o que comer. Sem dúvida, a lembrança das refeições tomadas com Jesus está muito presente na vida dos primeiros discípulos. Até então, eles eram hóspedes, convidados, mas agora, ao ar livre, a situação é diferente. A iniciativa será tomada pelo próprio Jesus. 
Na narrativa que se segue sobre a multiplicação dos pães, é Ele mesmo que acolhe e oferece o alimento como anfitrião: benze, parte o pão e entrega aos Apóstolos para que o distribuam à multidão, que se agrupava ao seu redor. O ponto central é a comensalidade oferecida por Jesus, que toma a iniciativa de servir ao povo, pois este poderia facilmente buscar comida na aldeia vizinha. Após alimentá-la com a sua Palavra, o próprio Jesus põe a mesa para toda aquela multidão esfomeada, congregando-a na comunidade de uma refeição.
S. Marcos situa esta passagem no tema do bom pastor (Nm 27,17; Ez 34,5-8): “Assim que Ele desembarcou, viu uma grande multidão e ficou tomado de compaixão por eles, pois estavam como ovelhas sem pastor”. Embora não utilize o título de pastor para designar a missão dos Apóstolos, Jesus descreve seu próprio ministério, como também o de seus seguidores, sob os traços misericordiosos e solícitos do pastor que cuida de suas ovelhas e afadiga-se em buscar a que se perdera. Mais do que um sentimento passageiro, a misericórdia expressa uma força que provém do interior da alma, das entranhas (splagxvízomai). Por isso, vendo o povo sem guias e líderes que o conduzam, Ele mesmo, tomado de compaixão, vai agir como pastor, enviado por Deus: o que aos discípulos parecia impossível, alimentar naquele lugar desértico a multidão de pessoas que o seguia, torna-se um fato real. À mente de todos, surge a imagem da solicitude de Deus, alimentando no deserto o povo de Israel, prefiguração do maná celeste, a Eucaristia, “fermento de imortalidade”.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm


Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Reflexão do Evangelho de Lc 9, 51-56 - Jesus não é acolhido pelos samaritanos - Terça-feira 30 de Setembro

Reflexão do Evangelho de Lc 11, 5-13 – A oração perseverante (amigo importuno) - Quinta-feira 09 de Outubro

Reflexão do Evangelho de Jo 7,37-39 - Promessa da água viva - Sábado 07 de Junho