Reflexão do Evangelho - Terça-feira, 07 de fevereiro e quarta-feira, 08 de fevereiro
Reflexão
do Evangelho
Mc
7,1-23 Discussão sobre as tradições farisaicas
A leitura deste texto coloca-nos no
clima vivido pelos Apóstolos, que se sentiam alegres e libertados pelas
palavras do Mestre. Ao Senhor, não lhe era estranho o pensamento dos que o
rodeavam, nem as considerações evasivas dos doutores da Lei. Nada passava
despercebido àquele que conhece, no dizer de S. Clemente de Roma, “até as
intenções interiores mais profundas”. Porém, a questão que agora está em jogo é
maior do que a observância ou não de certos ritos ou o fato de jejuar ou não,
mas a atitude livre do Senhor e dos Apóstolos diante da vida. Por isso, firme e
suavemente, o Mestre leva seus discípulos a se desprenderem das práticas farisaicas,
meramente exteriores e insuficientes, impostas ao povo, qual fardo
insuportável. De fato, por atribuírem o máximo valor aos insignificantes
preceitos da Lei e estendendo-os à vida comum de cada dia, os fariseus são
recriminados por Jesus pela sua hipocrisia, não por simularem, mas pelo exagerado
legalismo, que impedia o povo de reconhecer a misericórdia como Lei básica da
Aliança divina. Aliás, a substituição da Lei de Deus por leis humanas provocava
reações, sobretudo, entre os judeus da Diáspora, desejosos de recuperar a verdadeira
intenção das “leis divinas”.
Ao
se colocar acima das prescrições e da casuística das interpretações da Lei, e
ao incutir em seus discípulos a honra e o culto devidos ao Pai, Jesus
corresponde totalmente à tradição profética. Ouvindo-o, a multidão se alegrava,
permanecendo, porém, um tanto ressabiada, porque acolher a palavra de Jesus
significava colocar-se contra os escribas e fariseus. No entanto, pouco a
pouco, seus ouvintes tomam consciência da intransigência dos fariseus, que se tinham
afastado da doutrina dos profetas e deixado de anunciar a justiça e a misericórdia
divina. Ao contrário deles, na pregação de Jesus não há espaço para um moralismo
negativo, com proibições e “virtudes” formais, pois, ao invés de escravizar, sua
atuação liberta os corações para amar a Deus e ao próximo. Nesse sentido, transmitindo
um Deus que quer ser profundamente humano, Jesus encanta a todos, tornando-os participantes
de sua misericórdia e bondade.
No entanto, àqueles que não reconhecem a
presença salvadora de Jesus, suas palavras são incompreensíveis; escandalizam-se
ao ouvi-lo dizer que a verdadeira impureza não procede do exterior, mas sim do
interior da pessoa: “Nada há no exterior do homem que, penetrando nele, o possa
tornar impuro; mas o que sai do homem, isso é o que o torna impuro”. Embora a
indignação deles aumentasse a cada instante, Ele não cede: apregoa que para viver
a pureza de coração é necessário passar das práticas exteriores às interiores, porquanto
o encontro com Deus não se restringe aos atos externos; é fruto de uma intenção
reta, íntegra e de uma liberdade humana a serviço de seus semelhantes. Se os
chefes do povo não o compreendem e, mais tarde, irão bradar injúrias contra
Ele, a multidão, confortada e alegre, irá guardar a lembrança do seu convívio
festivo com Ele.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, ofm
DEUS lhe abençoe e lhe ilumine. Obrigado p/ reflexão D. Fernando.
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