Reflexão do Evangelho - Quinta-feira, 23 de fevereiro

Reflexão do Evangelho
Quinta-feira, 23 de fevereiro
Mc 9,41-50 - Escândalo a ser evitado


        Dois poderes se defrontam: o poder da tentação e o da fé. O primeiro pode ter um sentido ativo e significar “pôr à prova”, sem induzir, diretamente, ao pecado. Assim, os sábios de Israel e mesmo muitas passagens do Evangelho reconhecem as tentações ou as provas como obras benfazejas, que purificam o homem e proporcionam um conhecimento maior de suas intenções e desejos. O fato de ser provado equivale a um convite para se deixar invadir pela graça divina e pela fé: o homem, unido mais intimamente a Deus, transforma-se e, em seu coração, instala-se a vitória sobre a maldade e as atrações do mal. Por outro lado, proveniente mais de fora do que do interior do homem, a tentação, entendida como força que atrai ao pecado, pode “gerar a morte” (Gn 3; Tg 1,13s).
Daí o escândalo, palavra que sugere a ideia de armadilha ou pedra de tropeço, poderá afastar alguém da reta orientação para Deus e para a comunhão fraterna, seu maior bem, conduzindo-o à ruptura com Deus e com os irmãos, seu maior mal. Nesse sentido, grande foi o escândalo causado pelo bezerro de ouro; o cisma de Israel e os ídolos de Samaria, apesar dos fortes e constantes apelos dos profetas e, nos últimos tempos, de Jesus, para que ninguém fosse motivo de escândalo. Numa palavra, falando ao coração dos discípulos, Ele alerta: “Seria melhor para quem é causa de escândalo atar no pescoço uma grande pedra de moinho e lançar-se ao mar”. Ouvindo-o, comenta S. Agostinho: “Se Jesus não se envergonhou de repetir três vezes as mesmas palavras, quem não tremeria diante desta repetição e da ameaça, saída com tal rigor da boca divina? ”.
        Urge evitar o escândalo e buscar ser íntegro, pois, aos olhos de Deus, o valor de cada pessoa é inestimável. Todos gozam de igual dignidade. Jamais sejamos para quem quer que seja causa de afastamento da fidelidade a Deus, nem tampouco provoquemos escândalos, que afetem os “pequeninos”: o desejo divino é que nenhum deles se perca. Obviamente, é fundamental fortalecer em nós o poder da fé e revigorar a pujança do amor em nosso coração: só assim se firmará uma “aliança de sal”, aliança perpétua, selada pela amizade com Deus e com nossos semelhantes. No poder da fé, caso vivamos a união com Deus, no respeito a todos, evitaremos a aspereza e a sombra do mal e seremos “sal da terra”, edificando a muitos e jamais sendo causa de escândalo.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm


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