Reflexão do Evangelho - Sexta-feira, 10 de fevereiro

Reflexão do Evangelho
Sexta-feira, 10 de fevereiro
Mc 7,31-37 - Cura do surdo-mudo


        A filantropia ou, em latim, a humanitas, que significa amor compassivo e misericordioso, sintetiza, nas palavras do Apóstolo S. Paulo, a missão de Jesus. Diz ele: “Quando a bondade e o amor de Deus, nosso Salvador, se manifestaram, ele salvou-nos, não por causa dos atos justos que houvéssemos praticado, mas porque, por sua misericórdia, fomos lavados pelo poder regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt 3,4s). Na pessoa de seu Filho Jesus, o Pai, que “nem o céu nem a terra podem conter”, manifesta-se próximo de nós, renova a Aliança conosco e lança um apelo à conversão, reavivando em nós a experiência do seu perdão e de sua infinita compaixão.  
Jesus se apresenta sob os traços misericordiosos do bom pastor, que cuida de suas ovelhas e afadiga-se em buscar a que se perdera, pois Ele veio não para destruir, mas para salvar e transmitir a nós o segredo da verdadeira e interminável vida. Nesse agir de Jesus, fica bem claro que os milagres são sinais, que confirmam o fato de Deus ter erguido seu santuário no meio de nós, para nos levar a uma nova e salvadora comunhão com Ele. Assim, a cura da filha enferma, a pedido da mãe aflita e angustiada, mesmo sem contado direto, manifesta a proximidade da vontade divina e constitui a presença do Reino de Deus, já presente aqui, na pessoa de Jesus, cuja misericórdia e clemência impregnam até mesmo suas vestes, como no caso da cura da mulher hemorroíssa. Essa atuação benfazeja de Jesus dá início a um novo tempo, a uma nova esperança: é a jubilosa era da luz divina, em que ninguém irá fechar suas entranhas diante da dor e das necessidades de seus semelhantes, mas, ao invés, buscará viver a unidade da comunhão fraterna, na liberdade dos filhos de Deus.  
Agora, na Decápole, em território pagão, apresentam a Jesus um surdo-mudo para ser curado, fato que prenuncia a união dos povos pagãos com os judeus, na única comunidade querida por Deus, que também é “o Deus de todas as nações, como dirá S. Gregório Magno, que irão escutar e falar da vinda do próprio Deus em pessoa”. Abrasado de amor e engajado numa missão religiosa, que considera todos iguais diante de Deus, Jesus toca os ouvidos e a língua daquele homem estrangeiro e diz-lhe: “Éffatha”, “abre-te! ”. À sua palavra, o poder do Senhor não só cura aquele homem da surdez física, mas vai além e chega ao seu coração, despertando a fé, que lhe permite crer no que não vê, e a falar, “correntemente”, sobre a “paz da alma”, que é saúde física, mas também intimidade de uma vida em Deus, que ele proclama ser Jesus.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm


Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Reflexão do Evangelho de Lc 9, 51-56 - Jesus não é acolhido pelos samaritanos - Terça-feira 30 de Setembro

Reflexão do Evangelho de Jo 7,37-39 - Promessa da água viva - Sábado 07 de Junho

Reflexão do Evangelho de Lc 11, 5-13 – A oração perseverante (amigo importuno) - Quinta-feira 09 de Outubro