Reflexão do Evangelho - Terça-feira, 28 de fevereiro
Reflexão
do Evangelho - Terça-feira, 28 de fevereiro
Mc
10, 28-31 - A recompensa pelo desprendimento
Bondade, caridade, desprendimento dos bens
materiais, homem de paz, Francisco de Assis transmite uma vida pobre, alegre e
despojada. Canta o amor universal a todas as criaturas, poetiza a natureza e uma
nova compreensão da vida, cujo modelo é Cristo, torna-se possível neste mundo. O
pobre de Assis vive em simplicidade a realidade de Deus, que prefere a caridade
aos sacrifícios e à observância exterior das normas e leis. Abraça os leprosos,
estende a mãos aos doentes e pecadores, e aproxima todos de Deus, ao cântico da
passarada, que o rodeava chilreando por onde passava.
É
impossível prendê-lo numa época. Já nos primeiros séculos, Evágrio destaca uma
das características da vida cristã, que encontramos em são Francisco: “O reto
caminho da paz, que permite ao corpo, sentir-se ligeiro, feliz, e munido de
asas”. Bem antes, os ícones antigos representavam S. João Batista com asas,
para significar o desprendimento interior de si mesmo e sua união com Deus. Livre
e contente com o que Deus lhe concedia, Francisco é capaz de levantar-se, em
dia de jejum, pôr a mesa e chamar todos os frades a uma ceia, para que o frade esgotado
pelo jejum não se sentisse humilhado, por comer só. Como nada mais lhe
restasse, a um pobre que lhe suplicava, mandou dar-lhe seu único bem: a Bíblia.
Muitos
outros termos, que remontam às tradições pré-cristãs, foram adotados pelos
cristãos para designar o desprendimento ou a renúncia: purificação, ascese,
mortificação e domínio de si mesmo. Sem conotação negativa, tais termos exprimem
o incomparável desejo espiritual de entrega a Deus e nos permitem olhar para as
coisas comuns e para as pessoas comuns, de modo a deixar, no dizer de Orígenes,
“o divino Mestre liberar do meio das areias, presentes no fundo de nossa alma,
o poço de água viva, na qual se vislumbra a imagem divina escondida em nós”. É
a consagração a Deus, em que aquele que se converte, graças à mensagem de
Cristo, doa aos pobres seus bens e se dedica à caridade.
Através do desprendimento, frutificam e
florescem o amor e a ternura no coração do cristão, que já participa da paz e
da tranquilidade interior (hesequia),
recompensa prometida para o final dos tempos. Passagem, não ruptura, para um
mundo novo, verdadeira nova criação, ainda velada, no entanto, já presente, em
cada instante da vida. Em síntese, o desprendimento, portal para uma vida
plena, é fruto da audácia de se viver na bondade e na misericórdia divina, pois
concretiza a resposta amorosa da natureza humana, em seu desejo de felicidade e
de comunhão com Deus. Com efeito, ele proclama que Deus continua a abençoar a
criação e a dizer que “ela é sinal, segundo S. João Crisóstomo, de sua benevolência
e bondade”.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, ofm
DEUS lhe abençoe e lhe ilumine. Obrigado p/ reflexão D. Fernando.
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