Reflexão do Evangelho - Sexta-feira, 03 de fevereiro



Reflexão do Evangelho
Sexta-feira, 03 de fevereiro
Mc 6,14-29 - Morte de João Batista

       
A atividade de João Batista situa-se “no deserto”, lugar de oração e recolhimento, também, na linha de interpretação do Êxodo, lugar de conversão e de um novo início na caminhada para a vida eterna, fim destinado por Deus a todos os seres humanos.  Daí seu estilo de vida simples e austero, sem propriedade, vivendo do que o deserto lhe fornecia: gafanhotos e mel silvestre; vestindo pelos de camelos com um cinturão de couro rude. Com a audácia de um eremita, queimado pelo sol, João é o profeta, que largando tudo, vivia em função do futuro, anunciando a vinda do Messias.
         O relato de sua morte é uma espécie de prelúdio à missão redentora de Jesus, sua morte na cruz, em cumprimento dos desígnios de Deus. Muitos autores apontam semelhanças entre os dois: ambos foram profetas e ambos testemunharam a verdade, trazendo, ao preço da própria vida, esperança e conforto a todos os que acolhiam a sua mensagem. A expectativa messiânica recorda o hino composto pelo Deutero-Isaías, ao descrever a passagem de um cortejo pascal por um deserto, que, diante da face do Senhor, se transforma num jardim florido. À frente, conduzindo o cortejo, vem um arauto, trazendo as primeiras notícias da vinda daquele que avança ao longo do caminho. O arauto, muitos diziam, era João Batista, assassinado por ordem de Herodes; e “aquele que avança e tudo renova” era Jesus, que foi entregue a Pôncio Pilatos por seus adversários, e, após, levado à morte.
Às margens do rio Jordão, João Batista prega a penitência, anuncia profeticamente o juízo final e declara aos doutores da Lei que o fato de serem filhos de Abraão não era garantia de salvação: ele os convoca a produzir frutos dignos de conversão, de arrependimento. Dizia ele: “Já o machado está posto à raiz das árvores e toda árvore que não produzir bons frutos será cortada e lançada ao fogo”. A mensagem do juízo aparece, em relevo, como oferta do batismo a todos; também a Herodes, que se colocava acima da lei. Núncio do Messias, ele prefere afrontar o ódio do rei, em vez de negar os mandamentos de Deus apenas para adulá-lo. Sua voz imperturbável e profética traz consolo aos espíritos ávidos de paz, mas temor e repulsa ao coração de Herodes, que, apesar de ter sido aconselhado por João a deixar o pecado do adultério, porque ele vivia em concubinato com a mulher do próprio irmão, preferiu livrar-se do homem que o advertia de seu erro. Observa São Pedro Crisólogo: “A virtude torna-se indesejável para aqueles que são imorais; a integridade é motivo de sofrimento para os corruptos; a misericórdia é intolerável aos cruéis”.
Orígenes descreverá os últimos momentos da vida de João Batista como os de um profeta, que vai ao encontro da morte com a certeza de dever cumprido: “João reprovava Herodes com a liberdade de um profeta. Levado à prisão por causa disso, não temia a morte, mas somente pensava no Messias que ele tinha anunciado. E não podendo ir ao seu encontro, ele envia dois de seus discípulos para interrogá-lo: ‘És tu aquele que deve vir?’. Os discípulos de João retornam, relatando ao mestre o que o Salvador tinha dito. Então, ele, armado para o combate, morre com segurança”. Como viveu, assim morreu o profeta: dando testemunho da justiça e da liberdade do amor.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm


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