Reflexão do Evangelho - Terça-feira,14 de fevereiro

Reflexão do Evangelho
Terça-feira,14 de fevereiro
Mc 8, 14-21, O fermento dos fariseus


        Em lugar da superabundância messiânica do pão ázimo da nova Páscoa, verdadeiro pão de vida eterna, os fariseus impõem ao povo o fardo insuportável de suas prescrições rituais e o alimento fermentado de suas “tradições humanas”. O pão ázimo, que exclui o fermento, talvez por significar corrupção ou impureza, simboliza o verdadeiro alimento de Israel e é apresentado por Jesus como sinal de uma vida sincera e verdadeira, na qual são afastados a hipocrisia e os abusos cometidos pelos fariseus ou a astúcia ardilosa de Herodes, comparados ao velho fermento. Pois no dizer de Orígenes, “o Senhor preparou aos seus discípulos, uma massa nova e espiritual, oferecendo-se a si mesmo, pão vivo descido dos céus e que dá vida ao mundo”.
        Jesus previne os discípulos contra as prescrições rigorosas dos fariseus e contra as ambições políticas de Herodes, porém, os discípulos, preocupados com o fato de não terem trazido os pães, não o entendem. Pacientemente, Jesus os conduz a compreender que o único pão, de que eles necessitam, é Ele mesmo, o pão celestial, o pão vindo do céu, alimento que os fortalecerá, de modo a se constituírem sinal e testemunhas da justiça e do amor, que são o cerne da Lei. A aliança, outrora estabelecida por Deus com o seu povo Israel, é agora renovada em sua plenitude.
Voltando-se para eles, Jesus os repreende: “Ainda não entendeis e nem compreendeis? ”. Denuncia-se a pouca fé dos discípulos. Mais tarde, eles compreenderão que Jesus se referia à oferta da salvação, à maravilhosa refeição com o Ressuscitado, a Eucaristia, maná celeste, dado a nós como “alimento de imortalidade”.   S. João Crisóstomo reconhece o esforço do Senhor para “banir do coração de seus discípulos a preocupação pelos alimentos, incutindo-lhes confiança em Deus e em sua ação benevolente”. Na realidade, ele deseja livrá-los das preocupações, que os inquietavam e turvavam suas mentes, para despertar neles confiança em Deus, que, sendo Pai, se ocupa até dos passarinhos e encanta a todos com a beleza das miríades de flores.
Só então, interiormente livres, os discípulos iriam tomar consciência de que o Senhor os transportava, na alegria da união entre Aliança e Lei, à autêntica intenção da ação divina, manifestada em seus ensinamentos: a santificação da vida, realizada por um Deus que nos sacia com o verdadeiro pão descido dos céus.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm


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