Reflexão do Evangelho - Domingo, 12 de fevereiro

Reflexão do Evangelho
Domingo, 12 de fevereiro
Mt 5, 20-37, A nova justiça é superior à antiga


A justiça evoca as boas relações entre os homens e entre eles e Deus. Neste sentido, Jesus estabelece princípios, que inspiram os filhos de Deus a vencer o mal pelo bem e amar os próprios inimigos. Daí sua recomendação: “Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos céus”. Não se trata apenas da justiça distributiva, dar ao outro o que lhe é devido, mas trata-se, sobretudo, do “ser justo”, ou seja, da relação harmoniosa do homem com Deus, demonstrada, concretamente, no amor e respeito ao próximo de acordo com os ensinamentos da Aliança divina. Por isso, de modo enfático, Jesus proclama: “Não matarás, aquele que matar terá de responder em juízo”. De fato, por ser um ato contra o próprio Deus, à imagem do qual todo ser humano foi criado, é impensável tirar, de modo voluntário, a vida de alguém. S. Gregório de Nissa dirá que o ser humano é “imagem viva de Deus”, não apenas em seu ser espiritual, mas também em seu ser corpóreo, pois em seu ser único e indiviso, o homem reflete Jesus Cristo, face humana de Deus. Então, compreende-se que o fratricida Caim é representante, justamente, daquele que desfigura a imagem de Deus. 
        Logo adiante, Jesus acrescenta que mesmo “aquele que se encoleriza com seu irmão é réu em juízo”. O Mestre coloca a doutrina da semelhança com Deus em relação com a ética, transferindo o centro de importância, da ordem ritual e jurídica para a esfera moral e espiritual, o que provoca uma profunda mudança: exige-se abandonar o egoísmo e toda expressão de ódio, e reconhecer a dignidade intangível de todo ser humano. Porque criado à imagem de Deus, ele reconhece que Deus o ama, e sua resposta de amor a Deus compreende amar seus semelhantes. A esse respeito, o Apóstolo S. Paulo nos oferece a regra de ouro: “Todos os membros tenham igual cuidado uns para com os outros” (1Cor 12,25).
        Por conseguinte, o desejo de Jesus é instalar no coração humano a comunhão fraterna, pois o pecado, semelhante a uma semente, cresce e se desenvolve, pouco a pouco, a menos que não seja superado e destruído pela graça de Deus, fogo divino, que nos purifica dos vícios e estabelece em nós a vitória do amor e da força vivificante de Deus. Assim, de modo direto e compassivo, o Mestre nos conduz à fonte originária da vida cristã: a caridade, pois se ela estiver presente, na vida dos seus seguidores, estes jamais irão tirar a vida de alguém, tampouco se deixarão encolerizar um contra o outro. S. Agostinho exclama: “Vivamos o amor e façamos o que quiser!”. Pois quem ama compreende que desprezar a face do irmão é desprezar a face de Deus.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm


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