Reflexão do Evangelho de 03 de Novembro (Festa de todos os Santos)
Reflexão do Evangelho
de 03 de Novembro (Festa de todos os Santos)
Mt. 5, 1-12 - As
bem-aventuranças
O termo grego “makários” (feliz), que
corresponde a “baruk”, em hebraico, é empregado para expressar paz, felicidade
e bênção. No presente relato, ao longo do discurso das “bem-aventuranças”, o
termo é repetido oito vezes para designar o ideal do verdadeiro discípulo de
Jesus: sua serenidade no tempo presente e a felicidade eterna na visão de Deus.
Em
suas palavras iniciais, Jesus convida os discípulos a alçarem seus olhos ao
céu, no intuito, comenta Orígenes, “de fazê-los elevar seus pensamentos para o
alto”. Seu anseio é torná-los felizes nesta terra e, especialmente, conduzi-los
à bem-aventurança perfeita do céu, já participada aqui e agora, em meio aos
sofrimentos e perseguições. Em suas “Oito homilias sobre as bem-aventuranças”,
S. Gregório de Nissa escreve: “A bem-aventurança é a vida pura e sem mistura.
Ela é o bem inefável, inconcebível, a inexprimível beleza, o poder que está
acima de tudo, o único desejo, a realidade sem declínio, a exaltação sem fim”.
Composição em prosa
ritmada, elas estabelecem as condições indispensáveis para participar do reino
messiânico e declaram o cumprimento das promessas da aliança feitas por Deus.
Por essa razão, elas são consideradas a Carta Magna do cristianismo. As quatro
primeiras bem-aventuranças expressam a esperança da restauração do domínio de
Deus ou do seu reinado. Os que têm fome e sede de justiça, os pobres em
espírito (anawe ruah), serão
saciados, e os aflitos, maltratados e abatidos serão consolados. Elas indicam a
dependência do discípulo em relação à graça de Deus. As quatro seguintes
bem-aventuranças proclamam o amor fiel (hesed)
dos que ouvem e observam os ensinamentos do Senhor.
Nelas encontra-se a resposta
humana ao amor de Deus, fundamento da salvação e da libertação proclamada por
Isaías. São um grito de esperança, pois por elas os discípulos vivem a
liberdade interior e experimentam a serenidade, mesmo em meio às injúrias e
sofrimentos. Realiza-se a recompensa prometida por Jesus: “Alegrai-vos naquele
dia e exultai, porque no céu será grande a vossa recompensa”. A criatura
humana, então, é restaurada em sua liberdade fundamental, anunciada pela
tradição profética. Pois só quem é interiormente livre poderá vivê-las
intensamente. Ele será misericordioso, puro de coração, promotor da paz e,
permanecendo unido a Cristo, assemelhar-se-á a Ele, em sua humildade e grandeza
de espírito. Sua vida proclamará o cumprimento do reinado de Deus, apenas
iniciado com a vinda de Jesus. Um convite é lançado pelo Papa Francisco: “abrir
o coração a Deus para entender e viver as bem-aventuranças”.
Dom Fernando Antônio
Figueiredo, OFM
Comentários
Postar um comentário