Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 12 de Novembro
Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 12 de Novembro
Lc 17, 7-10 – Servir com humildade
Certamente, no desejo de se tornarem
mais fortes na fé, os Apóstolos suplicam ao Senhor: “Aumentai a nossa fé”.
Presente nos discípulos e dependendo deles, a fé é dom da graça divina. Porém,
há uma exigência: fustigar a arrogância e ser humilde no serviço. Por isso,
logo a seguir Jesus fala do patrão que diz ao servo, que trabalhara o dia todo:
“Prepara-me o jantar e serve-me, até que eu tenha comido e bebido; depois,
comerás, por sua vez”. Sem alimentar qualquer pretensão, o servo age de modo
desinteressado, dando o melhor de si mesmo.
Jesus não se pronuncia sobre a situação
social, irritante aos nossos olhos, mas toma o fato como figura de uma
parábola, cujo objetivo é realçar a orientação da pessoa humana em relação a
Deus. Ele quer despertar em nós uma atitude religiosa e espiritual.
Primeiramente, o reconhecimento de que devemos tudo a Deus. Não nos cabe
estabelecer condições, nem colocar limites ao dom recebido de Deus, pois ele
próprio se fez nosso “servidor”, “entregue” por nós, corpo e alma, até à morte
e morte de cruz.
Um forte apelo se faz sentir. Na experiência
do ser livre, nós nos tornamos disponíveis à ação de Deus e somos impelidos a
estar ao seu serviço de modo generoso e gratuito. Realizam-se as palavras:
“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus”. Por
isso, observa S. Ambrósio: “Não nos consideramos mais do que somos, pelo fato
de sermos chamados filhos de Deus. Reconhecemos a graça, mas não ignoramos
nossa natureza. Não nos gloriaremos de ter feito bem o nosso serviço. Tínhamos
a obrigação de fazê-lo”. Entretanto, sabemos que Deus nos deu nosso ser e nossa
liberdade, para realizarmos uma ação real e mesmo decisiva em favor de nossos
semelhantes. O serviço a Deus e aos semelhantes, apesar de ser um dever sagrado,
expressa um ato voluntário e livre, “sempre, porém, resguardando a necessidade de
não corrermos atrás das glórias humanas” (S. João Crisóstomo).
Deus não está obrigado a nada, nem
sequer ao agradecimento. No serviço a Deus, abandona-se a ideia do mérito,
embora a recompensa, dom gratuito da bondade do Senhor, esteja presente no
final do relato. O Senhor premia o servo que ama generosamente e, na humildade,
dá o melhor de si mesmo, a despeito de ele não ter feito nada mais do que
cumprir com o seu dever. Afasta-se dele a tentação do poder e do orgulho. Por
isso, exorta S. Agostinho: “Quem foi derrubado pelo diabo, orgulhoso mediador
que persuade à soberba, levante-se por Cristo, mediador humilde, que aconselha
a humildade”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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