Reflexão do Evangelho de Terça-feira e quarta-feira – 26 e 27 de Novembro
Reflexão do Evangelho
de Terça-feira e quarta-feira – 26 e 27 de Novembro
Lc 21, 5-19: A ruína
de Jerusalém e o fim dos tempos
Os
sinais precursores do fim do mundo, preditos no Evangelho de S. Lucas, são
idênticos aos referidos no Evangelho de S. Mateus e S. Marcos. Escreve S.
Agostinho: “Todos os três referem-se à resposta dada pelo Senhor aos discípulos
que lhe perguntavam quando aconteceria a destruição do Templo por Ele predita e
qual seria o sinal da sua segunda vinda, o fim do mundo”. Para evitar mal
entendidos, Jesus esclarece que os acontecimentos, nomeados por Ele, não ocorrerão
apenas no fim dos tempos, mas se realizarão ao longo da vida cristã ou, na
expressão do bispo de Hipona, “eles não cessam de vir até o fim do mundo”. Igualmente,
há também uma paulatina preparação para a vinda gloriosa do Senhor, pois a cada
momento, os discípulos nascem para uma vida nova, num processo contínuo de
assimilação a Ele. É o caminhar de plenitude em plenitude, que permite
considerar a segunda vinda do Senhor ou o fim dos tempos não como uma realidade
trágica e temerosa, mas como a manifestação plena do supremo amor, participado
por todas as criaturas, em suas características próprias.
Essa
transformação é descrita por Santo Irineu de Lyon em termos de um processo de
“acostumação” a Cristo. Embora, o fim dos tempos seja considerado o momento
decisivo do “assemelhar-se” a Jesus, ele é nosso ingresso definitivo no eterno
de Deus, o que nos permite reconhecer que o transcendente e o sobrenatural
constituem o coração de nossa vida. Maravilhados, reencontramos Deus nos traços
de nossa própria face, de nossa consciência e de nosso coração. Na luz e no
amor de sua presença, Ele nos comunica a esperança da salvação e a certeza de
nosso crescimento nele pela eternidade afora.
No que concerne ao fim
dos tempos, S. Hilário lembra que “Deus não nos deixa conhecer quando será o
fim do mundo. Ele nos oferece largamente um tempo de penitência e de vigilância.
Mas como no tempo do dilúvio, esse grande dia virá quando estivermos ocupados
em nossas ações e sofrimentos”. Prevê-lo, é impossível. Em meio às
transformações e inseguranças, uma certeza se impõe: Cristo como fundamento e
sentido do homem e do mundo. Caso contrário, tudo terminaria no vazio e na
noite silenciosa da destruição. Naquele dia, elevar-se-á uma palavra de vida,
palavra salvadora, convocando-nos à plenitude do amor: é a vinda gloriosa do
Filho do Homem.
Portanto, para os
seguidores de Cristo, o essencial é sintonizar-se, desde já, com Ele em sua
infinita misericórdia. Então, longe de ele ser um momento de temor, o fim dos
tempos será o tempo privilegiado das bem-aventuranças, no qual se dará a
consolidação de nossa união com Deus e a manifestação do amor fraterno, na
verdade e na justiça.
Dom Fernando Antônio
Figueiredo, OFM
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