Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 18 de Novembro
Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 18 de Novembro
Lc 18, 35-43: Cura do cego de Jericó
Seguido por uma
multidão, Jesus e os Apóstolos estão em Jericó e diante deles surge um cego chamado
Bartimeu, sentado à beira do caminho, pedindo esmola. “Ao ouvir que era Jesus,
o Nazareno, que passava, começou a gritar: Filho de Davi, Jesus, tem compaixão
de mim!” Os que caminhavam rumo a Jerusalém, sentem-se perturbados. S. Agostinho
observa que “este cego, antes numa boa posição social, caiu em conhecida e
célebre miséria, pois não só era cego, mas também clamava: ‘Que eu possa ver
novamente’”. O cego persiste, pois reconhece ser aquele o momento especial da
graça divina. Por isso, relata o texto que, deixando a sua veste, “ele deu um
pulo e foi até Jesus”. Fato que, segundo S. Beda, “simboliza a Igreja primitiva
dos gentios os quais, almejando a luz de Cristo, seguem os ensinamentos do Evangelho
desnudos, isto é, despidos dos poderes do mundo, o que os torna merecedores da
posse do tesouro eterno no céu”.
O suspiro confiante do cego chega a Jesus, que não passa
ao largo, desconhecendo-o, mas pergunta-lhe: “O que queres que eu te faça?”. Realiza-se
para o cego o instante tão esperado e desejado, pois o Senhor lhe concede a
cura corporal e, em sua bondade misericordiosa, livra-o da cegueira espiritual.
Seu coração e sua mente são imediatamente iluminados pela luz divina, que penetra
e envolve sua vida. Diante desta passagem, exclama Clemente de Alexandria: “O
cego recebe a Cristo, recebe o poder de ver, recebe a luz, o Logos eterno de
Deus”. E pondo-se em lugar do cego, diz ele: “Pois até agora eu me encontrava
errante buscando a Deus, mas, como tu me iluminaste Senhor, encontrei não só a
Deus através de ti, mas também por ti recebi o Pai e transformei-me em teu
coerdeiro, e tu não te envergonhas de teu irmão”. E,
examinando-se, conclui: “Ponhamos fim ao esquecimento da verdade, rechaçando a
ignorância e a treva, que nos impedem a visão espiritual. Contemplemos a verdade
de Deus”.
O
episódio bíblico se encerra com as palavras consoladoras de Jesus: “Vai, a tua
fé te curou”. O cego veio movido pela fé, implorando do Mestre, Rabbouni, a
misericórdia. Agora, com os olhos da fé, ele reconhece o que os anjos
anunciaram a respeito de Jesus em Belém: Ele é o Cristo, o Filho de Davi, o Senhor.
E nós, olhando para o cego, pasmos e extasiados, reconhecemos que ele, movido pelo
sopro vital, proveniente do abismo insondável do amor e da sabedoria de Deus, tomou
consciência de sua finitude e, pela fé, abriu seu coração à graça divina. A fé o
curou no corpo e na alma, levando-o, “sem se subjugar ao mundo”, a se tornar
discípulo do Messias: “e ele o seguia pelo caminho”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo
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