Reflexão do Evangelho de Domingo - 01 de dezembro (Tempo do Advento)
Reflexão do Evangelho de Domingo - 01 de dezembro (Tempo do Advento)
Mt 24, 37-44 – Vigiar para não ser surpreendido
Deus
oferece o maior e mais belo tesouro, seu Reino de paz, de alegria e de justiça.
Porém, podemos perdê-lo caso não formos vigilantes. Ao falar, Jesus se reporta
aos dias “que precederam ao dilúvio”: “Estavam eles comendo e bebendo,
casando-se e dando-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca”. E ele
conclui, “assim acontecerá na Vinda do Filho do Homem”. Orígenes, grande
escritor do século III, exorta “a vigiar, à tarde, isto é, na juventude, à meia
noite, na idade média, ao canto do galo, no tempo da velhice ou de madrugada,
quando a velhice está já avançada”. Continua ele – “Virá o Senhor ao que não
deu sono aos seus olhos, nem descanso às suas pálpebras, e guardou o mandamento
daquele que disse: Vigiai em todo tempo”. Ocorrerá, então, a parusia, a volta
de Jesus, em sua glória no tempo do Fim. Os que se prepararam, na observância
de seus ensinamentos, participarão da plenitude da sua alegria na glória do
Pai. A alegria não dispensa a cruz. Ela a compreende e é vivida por todos os
que abraçam os sofrimentos de Jesus e se empenham em aliviar as dores e
angústias de seus irmãos.
Mas a
vinda do Senhor, quando será? Jesus ensina aos discípulos que “quanto àquele
dia e àquela hora, ninguém o sabe, nem mesmo os anjos do céu, mas somente o
Pai”. O próprio Jesus diz: “Não vos pertence saber”. S. João Crisóstomo vê
nestas palavras o apelo do Senhor para que “cada um sempre o espere e sempre se
empenhe” no serviço aos pobres e desvalidos. Por conseguinte, nestes poucos
versículos, o autor bíblico delineia a sorte contrastante dos judeus incrédulos
e dos discípulos de Cristo, vigilantes. Tal quadro é projetado na história e
atravessa os tempos na caminhada para o encontro final com Cristo.
Tem-se presente que a culpabilidade é
sempre pessoal. Ela é medida pelo grau de consciência e de liberdade com que
cada um participa do “pecado do mundo”. Daí se concluir que a retribuição final
será também pessoal. A alma deseja unir-se diretamente ao Senhor, diz S.
Agostinho, “sem que nada se interponha entre ela e Deus”. A Tradição cristã
chama este momento de julgamento pessoal, para distingui-lo do julgamento
último, universal. Embora também ele não deixe de ser pessoal. Em outras
palavras, é necessário viver cada instante, intensamente, segundo a vontade do
Pai, sem deixar jamais de lê-lo nos horizontes ternos do mistério
misericordioso de Deus.
Vivemos
na expectativa do Natal do Senhor. Não serão desiludidos os que o esperam. Nossos pais o esperaram; todos os justos,
desde a origem do mundo. No Dia Santo exclamaremos: “Eis, é o nosso Deus! Ele é
a nossa salvação!” E um suave e alegre suspiro brotará dos nossos lábios: “Como
é bom esperar no silêncio a salvação de Deus”!
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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