Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 29 de Novembro
Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 29 de Novembro
Lc 21, 29-33 – Parábola da figueira
No centro da parábola está a pergunta, feita
pelos Apóstolos, sobre o fim do mundo: “Quando será isso, Mestre?” Para
responder, Jesus utiliza a imagem de uma figueira, fonte importante de alimento
para os judeus. No seu florescer, ela anuncia a proximidade do verão. S.
Hipólito lembra que o “verão significa o fim do mundo, pois é a época em que se
recolhem os frutos para guardá-los”. Símbolo do julgamento, ele é utilizado por
Jesus para suscitar não o terror, mas para transmitir esperança, mesmo em meio
a acontecimentos dolorosos e trágicos. Aliás, Jesus recorre a diversas
parábolas tiradas da natureza para nos convidar a discernir os sinais da vinda
“do Reino de Deus”. Anúncio muito presente na pregação de Jesus e dos
Apóstolos. S. Ambrósio descreve a parábola como uma proclamação esperançosa da
vinda do Senhor, pois, diz ele, “o cuidado do agricultor do Evangelho me dá a
garantia que a figueira frutificará. Não devemos perder o ânimo, mesmo se os
pecadores estiverem cobertos de folhas de figo, como de uma veste enganadora,
para esconder sua consciência: as folhas, quando não têm frutos, são suspeitas.
Tais eram as vestes dos que foram banidos do Paraíso”.
Confiando na Palavra de Jesus,
produziremos bons frutos. O próprio Mestre os descreve e o Apóstolo S. Paulo os
proclama. “O Reino de Deus” - escreve o
Apóstolo – “é justiça e paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14,17). Jesus vem
cada dia e bate à porta da humanidade. Ele é o Alfa e o Ômega, o começo e o fim
de toda a história humana. De sua origem e da sucessão significativa de suas
fases até a realização de sua meta. Ainda que o tempo, que precede a vinda do
Filho do Homem se estenda, “esta geração”, a humanidade, participará de todo o
plano salvífico de Deus: A vinda do Senhor, a redenção e o senhorio de Deus.
A escatologia, ao descrever o fim dos tempos,
parece contrastar com a ideia do progresso, bem presente, nos primeiros
cristãos, como S. Irineu. Na realidade, não há contradição. A história é vista,
por ele, como o desenrolar de acontecimentos, entre os quais temos a vinda,
morte e ressurreição do Senhor. Assim, na ambiguidade dos fatos, vigora a força
misteriosa da esperança. Neste sentido, S. Irineu falará de um progredir
constante na “acostumação” do Senhor. É o processo, pelo qual a humanidade é conduzida,
de modo pedagógico, a habituar-se à visão do Senhor, que se manifestará em sua
glória no final dos tempos. Portanto, há uma intenção, presente na criação, que
lança o cristão na aventura da descoberta de Cristo como sentido da história. E
movido por este sentido, objeto da fé, o homem progride na esperança sem, por
vezes, discernir a relação entre as Duas Cidades, no dizer de S. Agostinho. Ele
se coloca na espera concreta do advento do radicalmente outro, do Filho de
Deus. Pois ele assumiu nossa realidade humana, tornando-se parte de nossa
história.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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