Reflexão do Evangelho de Quarta-feira – 06 de Novembro
Reflexão do Evangelho
de Quarta-feira – 06 de Novembro
Lc 14, 25-33:
Renunciar ao que temos de mais caro
As
multidões, movidas pelo desejo de unidade e de amor, vão aonde quer que Jesus
esteja. E muitos, pouco a pouco, compreendem que segui-lo significa ser regenerado
na fé e, nascido do alto, ter uma vida nova na experiência de Deus. Segui-lo é
mais do que caminhar com o Mestre, entregando-se aos seus ensinamentos. Não é
só algo exterior, mas muito mais interior, segundo as condições estipuladas
pelo próprio Senhor. Diz Ele: “Se alguém vem a mim e não odeia pai e mãe,
mulher, filhos, irmãos, irmãs e até a própria vida, não pode ser meu
discípulo”.
Não
nos assustemos com tais palavras, pois elas não visam aplacar “a cólera” de
Deus ou satisfazer a justiça divina. Elas expressam a exortação do Senhor para
que os discípulos renunciem às atividades seguidas até então e ofereçam a Deus um
sacrifício de louvor e de santificação. São Basílio observa que “ao falar do
ódio, Jesus não deseja despertar em nossos corações tramas e insídias, mas quer
conduzir-nos à virtude da piedade e a rejeitar a voz dos que nos desejam desviar
dos ensinamentos divinos”.
O verbo odiar adquire, assim, o sentido de “ter menos em conta”, o que realça
o enfático apelo de Jesus: existir inteiramente para Deus, descerrando os olhos
do seu coração e abrindo-os à contemplação das belezas divinas. Portanto, o
Senhor de um modo bastante direto quer que o discípulo não considere como valor
supremo de sua vida as realidades do mundo, quaisquer que elas sejam, mas que
ele se enamore do bem, da verdade e da luz, abandonando o mal, a mentira e as
trevas. Então, guiado pela verdade e penetrado pelo amor divino, ele se confia
à palavra de Deus para amar, em profundidade e santamente, seus parentes e
familiares, seus irmãos e semelhantes.
Do coração do discípulo brota um autêntico
hino de louvor à liberdade, transportando-o ao coração amoroso de Jesus, que
lhe transmite o poder de amar a todos, não só seus familiares, mas até seus
próprios inimigos. As exigências apresentadas unem-se à infinita misericórdia
de Jesus, que, de modo enfático, une o discípulo ao seu martírio na cruz com as
palavras: “Quem não carregar a sua cruz, quem não renunciar a si mesmo, não
pode ser meu discípulo”. Portanto, no seguimento de Jesus e unido ao seu
sacrifício pela salvação da humanidade, o discípulo coloca sua vida, generosa e
despretensiosamente, a serviço de Deus e dos irmãos.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
Comentários
Postar um comentário