Reflexão do Evangelhos de 2 de Novembro de 2013 (Finados)
Reflexão do
Evangelhos de 2 de Novembro de 2013 (Finados)
Saudade sim,
tristeza não!
Desde os primórdios do
Cristianismo, o dia de Finados esteve presente nas celebrações da Igreja. Os
sacramentários romanos atestam que existia, desde muito tempo, o uso de
celebrar missas pelos mortos. Principalmente, quando não se celebrava
imediatamente após os funerais, devido às perseguições. A tais celebrações se
ligam as missas de sétimo e trigésimo dia.
Nesse mesmo período,
iniciou-se a prática, presente ainda em nossos dias, de fazer a memória dos
mortos e vivos nas celebrações eucarísticas. Os nomes dos falecidos eram
guardados em registros denominados Libri Vitae (Livros da Vida).
Surgiram, então, as necrologias e os obituários, passando das menções
generalizadas às individuais. Porém, uma preocupação logo se fez presente:
lembrar-se de todos os falecidos que, por algum motivo, não constavam nas
listas. Decidiu-se, então, estabelecer um dia do ano para se rezar na intenção
litúrgica de todos os que passaram desta vida. Entre os anos de 1024 e 1033,
convencionou-se comemorá-los no dia 2 de novembro, o tão conhecido Dia de
Finados, por ser o dia litúrgico que se segue à festa de Todos os Santos.
Desde o início, o conteúdo
principal da celebração jamais foi a morte, mas a fé na Ressurreição e,
consequentemente, a esperança de estar um dia perante Deus em sua morada. É
antecipação, na terra, da feliz eternidade em Deus. Agradece-se a Deus a
existência dos antepassados e acende-se uma vela, proferindo uma oração, para
recordar a luz que nos iluminou, através de nossos pais, avós, parentes e
amigos. A luz não se extinguiu com a passagem deles para a eternidade de Deus.
Se em nossos corações a luz significa o perpétuo brilho da fé, as flores nas
sepulturas anunciam a felicidade da ressurreição.
No Dia de Finados, rezamos não aos mortos, mas pelos mortos,
pois todos, os vivos e falecidos, participam da Comunhão dos Santos, que jamais
se desfaz. Encontram-se todos no regaço amoroso do amor inefável e
misericordioso de Deus. Escreve S. Ambrósio: “Pois, para não ser de novo a
morte o fim da natureza humana, foi-lhe dada a ressurreição dos mortos”. E
continua S. Ambrósio: “Refulge em nossos corpos a morte de Cristo, aquela
ditosa pela qual se destrói o ser exterior, a fim de ser renovado nosso homem interior
e se desfaça nossa habitação terrena, abrindo-se assim para nós a habitação
celeste”.
A palavra morte, do latim mors,
mortis, traz em geral, uma sensação de tristeza e de medo. O próprio Jesus,
no horto das Oliveiras, sentiu angústia e chegou a suar sangue. Porém, Ele
acolheu a morte e todo o sofrimento que ela comporta, oferecendo-a ao Pai em
nosso favor. Tal oferta trouxe a salvação e a esperança ao coração da
humanidade. Assim, a tristeza, sentida na hora da
morte de um ente querido, transforma-se em saudade. Os laços inquebrantáveis do
amor eterno e fiel de Deus nos enlaçam e antecipam nosso reencontro no Reino
dos Céus. Nesse sentido, suplica S. Gregório de Nazianzo ao Senhor: “Desde já,
recebe-nos ó Pai, unidos a todos os que partem para aquela feliz e intérmina
vida que está em Cristo Jesus”. Saudade sim, tristeza não!
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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