Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 15 de Novembro
Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 15 de Novembro
Lc 17, 26-37 – O dia do Filho do Homem
Com a sua vinda, o Filho do Homem
instaura o Reino de Deus “entre nós”, “em nós”. Realidade espiritual,
mas também escatológica. Jesus revela-nos a face humana de Deus, pois, no
mistério da encarnação, ele se esvazia, kénosis,
em seu infinito amor para conosco, permitindo-nos, assim, encontrar nele o
espaço de nossa liberdade. Livres, estabelecemos, já e agora, a vitória sobre o
domínio do pecado e da morte, sinal da vitória no fim dos tempos, em que Cristo
“entregará a realeza a Deus Pai” (1Co 15,24). Os que lhe forem fiéis receberão
“a herança no Reino de Cristo e de Deus” (Ef 5,5) e serão chamados a partilhar
da glória desse reinado.
É a instauração do Reino de Deus no fim dos
tempos. É o Dia do Filho do Homem. Comenta S. Cirilo de Alexandria: “Para
mostrar que aparecerá sem aviso prévio e sem que ninguém saiba, o Senhor diz
que o fim do mundo sucederá de modo análogo aos dias de Noé e de Lot. Por isso,
ele exige a constante vigilância de todos, para que todos possam pronunciar sua
defesa diante do tribunal de Deus”.
Portanto, se o retorno do Senhor é certo, o
tempo é desconhecido: a vinda do Senhor acontecerá de modo rápido e inesperado.
Se anteriormente o texto bíblico falava de “não observável”, agora ele acentua
a expressão “não visível”. Poder-se-ia até imaginar um alerta contra a
nostalgia dos “dias” em que Jesus já não mais estivesse visivelmente presente
no meio dos seus discípulos. Mas não se
pode jamais esquecer as palavras do Senhor: “Importa que eu me vá”, para que,
com a vinda do Espírito Santo, sua presença no meio de nós e em nós seja
interiorizada.
Ao dizer que um será tomado e outro
será deixado, o Senhor nos faz considerar que não basta pronunciar seu nome
para ter, no dia do julgamento, a garantia de entrar no céu. Cada qual é
julgado individualmente conforme o modo como viveu e como correspondeu à graça
divina. Por isso, “quem estiver no terraço, não desça; quem estiver no campo,
não volte atrás”. Comenta S. Agostinho: “Os que estão no terraço não devem
descer, isto é, não devem descer de uma vida espiritual a uma vida carnal”.
Apelo à perseverança e à fidelidade ao Senhor, na certeza de que seu retorno à
glória será a realização do triunfo final de Deus.
A vida do cristão concretiza-se entre
realização e expectativa, entre ter e esperar, “alegres na esperança” (Rm
12,12). A vinda do Filho será, então, esperada não com medo, mas com confiança
em Deus, que confere sua graça a todos os que o buscam com fé e com o coração
contrito.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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