Reflexão do Evangelho de Quinta-feira – 14 de Novembro


Reflexão do Evangelho de Quinta-feira – 14 de Novembro

Lc 17, 20-25: A vinda do Reino de Deus

        

         Ao dizer que o Reino de Deus está próximo, Jesus provoca a curiosidade dos fariseus. Um deles, perplexo, lhe pergunta: “Quando ele virá”? Alimentada pela esperança de uma manifestação divina decisiva, a expectativa é grande. No entanto, diante dos ensinamentos sobre a tolerância, o amor aos inimigos e a acolhida aos pecadores, os ouvintes alimentavam muitas dúvidas a respeito das palavras de Jesus.

Sem deixar de corrigir as ideias equivocadas, Jesus aborda a questão sob dois aspectos, o tempo e o modo como virá o Reino de Deus. Ao descrever a forma como ele chegará, Jesus esclarece que muitos procurarão sinais, mas em vão, pois ele não virá em meio a sinais nitidamente constatáveis. Por isso, voltando-se para os discípulos, alerta-os de não se deixarem enganar diante dos fortes rumores, que apregoavam que o Reino surgiria “aqui ou ali”. O Reino não ocupa um espaço delimitado. Ele é um acontecimento, é a “irrupção repentina” do dom de Deus. Os indícios e os cálculos são, certamente, falhos, porque o Reino, em seu caráter espiritual e escatológico, já está presente aqui e agora.

         Em palavras diretas e muito simples, Jesus assinala que o início do Reino coincide com a sua presença “no meio de nós”, conforme anunciara São João Batista. Situado ao alcance de todos, convidados a fazerem parte dele, o Reino é manifestado na expulsão dos demônios, pelo dedo de Deus, e nos milagres, como a cura dos dez leprosos.

Logo a seguir, para visualizar melhor suas palavras, Jesus traça um paralelo entre o relâmpago e o “dia do Senhor”. O relâmpago, em seu brilho, pode ser observado por todos, o que dispensa a necessidade de um sinal diverso e especial para indicar a sua presença ou o seu poder. Da mesma maneira, o “dia do Senhor” refulgirá como o relâmpago nos céus, não necessitando de nenhum outro sinal. “Ele aparecerá, comenta São Cirilo de Alexandria, na majestade do Pai em companhia dos anjos, que o rodeiam, e se colocará diante de nós como Deus e Senhor”.

 O Reino de Deus já apareceu e está presente no mundo na pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus e Salvador. Em nossos corações, medram as sementes do Reino, confirmando a convicção de que o seu início se dá no nosso interior e, paulatinamente, nos transforma à imagem e semelhança de Deus. Exclama S João Cassiano: “Quando já não reinam os vícios, vem estabelecer-se em nós, por direta consequência, o Reino de Deus”, reconhecido na Palavra proclamada, nos irmãos necessitados e, sobretudo, no partir do pão, a Eucaristia. Para S. João Cassiano, “se o Reino de Deus é paz, alegria e justiça, então, quem as vive permanece sem dúvida nele”. Nesse sentido, a afirmação de Jesus: “o Reino está dentro de nós”, refere-se, segundo S. Gregório de Nissa, “à felicidade, que provinda ‘do alto’, nasce em nossas almas pelo Espírito divino, porque o Reino é imagem, penhor e sinal da felicidade eterna da qual gozarão as almas dos santos na eternidade”.

 

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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