Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 08 de Novembro
Reflexão do Evangelho
de Sexta-feira – 08 de Novembro
Lc 16, 1- 8 - Parábola do administrador infiel
As
parábolas colocam o ouvinte diante de uma corajosa decisão: deixando toda
hesitação, abandonar-se à novidade anunciada por Jesus. Na presente parábola, ao
louvar o administrador desonesto, Jesus não incentiva a desonestidade, mas,
simplesmente, destaca a habilidade, demonstrada por ele, diante de uma situação
nova: a sua iminente despedida. Sem se deixar levar por sentimentos, o
administrador toma medidas urgentes e inadiáveis. Reúne os devedores e pergunta-lhes:
“Quanto deves ao meu senhor? Cem barris de óleo. Senta-te e escreve depressa
cinquenta. A outro, ele disse: toma tua conta e escreve oitenta”. Com efeito, surpreendido
no ato de fraude, ele altera as contas do proprietário para, assim, garantir o
seu futuro. Sua preocupação é granjear amigos que o acolham mais tarde.
Sem emitir qualquer julgamento de valor sobre a moralidade do ato
praticado, Jesus deseja que seus ouvintes, também eles, tomem medidas radicais
diante da novidade de sua presença e de sua mensagem, pois quem se prende ao
modo antigo de pensar, sentir e agir não pode segui-lo. A parábola contém um forte
apelo para que todos abram seu coração e sua mente e se deixem invadir pela luz
divina, que, em Jesus, irrompeu em nossa história. Ao mostrar a presença de
Deus nas realidades do cotidiano, a parábola desloca o centro de gravidade da
nossa vida: não mais o nosso “eu”, mas sim o amor de Deus, fonte de um novo
modo de viver.
No
final do relato, a reprovação do Senhor torna-se explícita e bem clara, ao
situar o administrador infiel entre os “filhos do mundo”, contrapostos aos
“filhos da luz”. A palavra “mundo” designa aquele que se fecha à luz, isto é, à
Palavra de Deus, tornando vigoroso o apelo dirigido aos “filhos da luz” para
que, em sua vida espiritual, superem os “filhos do mundo”, sagazes em matéria
terrena. Se as decisões destes têm consequências temporais, as dos “filhos da
luz” terão repercussão eterna, o que leva S. Agostinho a dizer: “O administrador
infiel provia uma vida que deve terminar. E tu não queres prover aquela que é eterna?”
De fato, somos convocados a conquistar amigos, que nos acolham na glória eterna,
em consonância com as palavras de S. Ambrósio, para quem “os peitos dos pobres,
as casas das viúvas, as bocas das crianças são os celeiros que permanecem na
eternidade”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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