Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 22 de Novembro
Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 22 de Novembro
Lc 19, 45-48 - Expulsão dos vendedores do Templo
A expulsão dos vendedores do Templo traz a
lume a santidade de Deus. Israel, povo de Deus, é convocado a espelhar a
santidade divina, evitando toda contaminação profana. O próprio Templo é considerado santo, em toda
a sua extensão, mesmo os “pisos” destinados aos pagãos. Particularmente, onde
os judeus se reuniam: o coração do Templo nomeado “o santo”, que servia como centro
de culto e louvor divinos e era considerado repleto da glória insuperável do
Deus três vezes Santo. S. Ambrósio lembra que “o templo não é refúgio de
mercadores, mas casa de santidade. E o próprio exercício do ministério
sacerdotal não é designado, por Jesus, como um dever, ainda que sacro, mas como
uma homenagem tributada a Deus, gratuitamente”. No entanto, o que ele encontra
ali é justamente o contrário.
O zelo pela casa do Senhor leva-o a expulsar
os vendedores e os cambistas. Manifesta-se, escreve S. João Crisóstomo, “a
honra que o Senhor prestava ao Pai e ao seu próprio poder”. Dizia S. Cirilo de
Alexandria: “Chegara o tempo em que a sombra atingiu sua realização e a verdade
resplandeceu exteriormente. A verdade é a doce beleza da conduta cristã, a
glória da vida irrepreensível e o doce gosto racional da adoração em espírito e
verdade”. De fato, ao purificar o Templo, Jesus substitui a pureza ritual pela
limpeza moral e a casa de Deus é erigida como casa de oração para todos os
povos. Os discípulos irão recordar-se dessas palavras, após a ressurreição do
Mestre.
Bois, ovelhas e pombas eram os animais
utilizados nos sacrifícios e os cambistas eram os que ofereciam os meios para
comprá-los. Ao expulsá-los, Jesus proclama, sem dúvida, a exigência de
purificação. Mas, ao mesmo tempo, já faz o primeiro anúncio de substituição das
vítimas pelo sacrifício incruento, oferta dele mesmo ao Pai. Gesto profético de
abertura do Templo judaico, casa de oração, a todas as nações e anúncio de sua
morte, ao se romper o véu do Templo. Então, uma nova ordem será estabelecida e
um novo sacrifício, incruento, será oferecido do nascer ao pôr do sol. A vida
divina penetrará a terra e a humanidade. A morte será vencida e o Ressuscitado
tornar-se-á alimento de ressurreição para toda a humanidade.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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