Reflexão do Evangelho de Domingo – 24 de Novembro


Reflexão do Evangelho de Domingo – 24 de Novembro

Lc 23, 35-43 – Cristo Rei do Universo

 

         O anjo Gabriel saúda Maria: “Ave, cheia de graça”. O verbo grego “karitow”, cujo particípio perfeito passado é “ke-karitwméne” significa cheia de graça. Jesus é a plenitude da graça, o que permite a liturgia antiga denominar Maria como a Mãe do Belo amor. Ele é o fascínio da perfeição do amor, que impregna sua mãe, tornando-a cheia de graça. 

         Desde o primeiro instante de sua vida, ressoa a resposta desejada por Pilatos, que coloca em questão não o fato de Ele ser o Cristo, o Filho do Homem e Filho de Deus, mas a sua “Realeza”. O Sinédrio havia condenado Jesus por blasfêmia para a qual se previa a pena de morte. No entanto, dado que o poder de infligir tal pena era reservado aos romanos e como tal acusação não era ainda suficiente para levá-lo à morte, o sumo sacerdote declara a Pilatos ter Ele reivindicado a realeza messiânica.   

          De fato, em sua vida pública, muitas vezes, o povo o tinha declarado rei, pois, desde séculos, alimentava-se a esperança de se estabelecer o reino messiânico temporal. Diante dos milagres e, sobretudo, tocados pelos seus ensinamentos, os que o seguiam quiseram coroá-lo rei. Jesus rejeita claramente tal pretensão. Mesmo assim, seus inimigos se aproveitarão desse fato para acusá-lo diante das autoridades romanas. Se para o povo, o título de rei significava a restauração do reino de Israel, para Pilatos soava como pretensão temporal, tornando-o rival do poder de Roma, por ele representado. S. Efrém comenta que “as palavras de seus caluniadores eram como uma coroa redentora em sua cabeça. Seu silêncio era tal que, calando-se, seus clamores tornaram mais formosa a sua coroa”.

           Diante de Pilatos, perguntado, Jesus desmente as acusações, dizendo “sim, eu sou rei. Foi para dar testemunho da verdade que eu nasci e vim ao mundo. Quem é da verdade escuta a minha voz” (Jo 18,37). Sua missão é “dar testemunho”, pregar, ensinar e, sobretudo, revelar o mistério do amor infinito, que supera toda compreensão. É um reino espiritual, que não dispõe de armas e não usa de violência. Ele se estabelecerá pela presença do Espírito divino, que desceu sobre Jesus desde sua concepção e que agora será difundido sobre todos, tornando-os testemunhas da verdade. Jesus é rei, pois Ele é aquele com quem e por quem o Espírito descerá sobre a humanidade, guiando-a à verdade.  

          Portanto, a essência de sua realeza é o testemunho da verdade, que liberta os corações e instaura um mundo de paz e de justiça. Jesus consumiu sua missão em Jerusalém, de lá partirão seus discípulos para levar a todas as nações o Evangelho da salvação. Santo Agostinho nota que o letreiro no alto da cruz estava escrito “em três línguas: hebreu, grego e latim, para indicar que Ele iria reinar não só sobre os judeus, mas também sobre os gentios”.  

 

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Reflexão do Evangelho de Lc 9, 51-56 - Jesus não é acolhido pelos samaritanos - Terça-feira 30 de Setembro

Reflexão do Evangelho de Lc 11, 5-13 – A oração perseverante (amigo importuno) - Quinta-feira 09 de Outubro

Reflexão do Evangelho de Jo 7,37-39 - Promessa da água viva - Sábado 07 de Junho