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Mostrando postagens de fevereiro, 2014

Reflexão do Evangelho de Domingo – 02 de Março

Reflexão do Evangelho de Domingo – 02 de Março Mt 6, 24-34: Deus e o dinheiro                   Há de se escolher entre Deus e o dinheiro, declarar-se por um senhor ou por outro, pois “ninguém pode servir a dois senhores, ou odiará um e amará o outro, ou se apegará ao primeiro e desprezará o segundo. Não se pode servir a Deus e ao dinheiro”. Caso não se decida, o discípulo permanecerá ansioso e dividido no seu interior. A palavra “ansiedade” significa “ter duas mentes”, sentir-se inseguro, inquieto e indeciso. Ora deixando de optar, o medo o assalta, sente-se aflito e, martirizando-se em meio a dúvidas e incertezas, ele quer se submeter a Deus, sem deixar, porém, de alimentar o desejo de viver segundo os padrões de uma mentalidade mundana. Os contrastes se revezam e o obrigam a tomar uma decisão, por um ou por outro mestre. Mestre é aquele que comanda quem o segue, em seu modo de pensar e em seus id...

Reflexão do Evangelho de Sábado – 01 de Março

Reflexão do Evangelho de Sábado – 01 de Março Mc.10, 13-16: Jesus e as crianças Jesus se vê rodeado de crianças, trazidas pelos parentes, a fim de Ele lhes impor as mãos. Sinal de transcendência sagrada, contato salvador de Jesus com a humanidade, cujo efeito é testemunhado pela hemorroíssa, ao tocar suas vestes, e pelo surdo-mudo, tocado por Ele. Esse aspecto sensível faz parte integrante da realidade humana. Também, em nossos dias, é forte a necessidade de tocar, de sentir a presença da graça e de receber uma bênção pela imposição das mãos.          Das crianças é o Reino de Deus, proclama o Evangelho.  Elas confiam em Jesus e suas mães desejam que Ele lhes conceda proteção e a graça divina. Escreve S. Epifânio: “As crianças ignoram a maldade, pois não sabem pagar o mal com o mal. Não sabem como prejudicar alguém”. Apolinário de Laodiceia observa: “O que a criança tem por natureza, Deus deseja que tenhamos por escolha: confiança, s...

Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 28 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 28 de Fevereiro Mc 10, 1-12: Perguntas sobre o divórcio                     Acalorada era a discussão entre os rabinos sobre o motivo que legitimava o repúdio da própria mulher. A questão girava ao redor das determinações do Deuteronômio, cujas expressões eram pouco precisas. Para testar Jesus, os fariseus lhe perguntam: “É lícito repudiar a própria mulher por qualquer motivo que seja?” Os mais rígidos, escola de Shammai, interpretavam o texto bíblico em seu sentido estrito: só em caso de uma conduta deveras desonrante. Ou em sentido mais amplo, escola de Hillel, segundo a qual se podia repudiar a mulher por não importa qual motivo. A pergunta é capciosa e visa colocar Jesus à prova.          Ciente do que se passa no coração de seus ouvintes, o Senhor situa a questão no quadro dos desígnios do Pai. Sem negar a Lei, ...

Reflexão do Evangelho de Quinta-27 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Quinta-27 de Fevereiro Mc 9, 41-50: O escândalo a ser evitado          Vivemos em meio a dois poderes que se embatem, o poder da tentação e o da fé. Se o primeiro nos quer arrastar ao pecado, o segundo permite-nos superar os obstáculos e vencer as atrações do mal. O maior dos males é a ruptura com Deus e com os irmãos, e o maior bem é a vida em Deus e a comunhão fraterna. Por isso, quão grande foi o escândalo suscitado pelo bezerro de ouro, o cisma de Israel ou os ídolos de Samaria! Mas, não menos forte foi o constante apelo dos profetas e, sobretudo, de Jesus, para que ninguém se tornasse causa de escândalo. A palavra escândalo sugere a ideia de armadilha ou pedra de tropeço, que leva alguém a se afastar da fidelidade a Deus e a romper a comunhão fraterna. Ao insistir sobre a gravidade do escândalo, Jesus exorta os discípulos para que se esforcem em não ocasioná-lo. Impressiona-nos ouvi-lo dizer, com voz áspera e...

Reflexão do Evangelho de Quarta-feira – 26 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Quarta-feira – 26 de Fevereiro Mc 9, 38-40 - O uso do nome de Jesus                   Os primeiros cristãos, de origem judaica, têm perante seus olhos o nome divino, dado pelo próprio Deus a Moisés: “Eu sou aquele que sou”. Nome irredutível a qualquer outro nome. Realidade inefável. A mesma ideia tinham eles a respeito do nome de Jesus, que, em seu poder, imprime no cristão a sua imagem misteriosa, mas real, santificando-o. Opera-se nele uma verdadeira transformação. Destaca o Apóstolo S. Paulo: “Nós refletimos como num espelho a glória do Senhor, somos transfigurados nessa mesma imagem, cada vez mais resplandecente, pela ação do Senhor, que é Espírito” (2Cor 3,17).          Se a transfiguração do homem se realiza, graças à presença do Senhor, não só entre nós, mas em nós, seria possível alguém apoderar-se da ação ou do ministério de J...

Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 25 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 25 de Fevereiro Mc 9, 30-37: Segundo anúncio da paixão e pergunta: Quem é o maior?                   No surgimento da Igreja, o Apóstolo S. Pedro recebe do Senhor diversos sinais de preeminência, o que poderia despertar, entre os Apóstolos, certa rivalidade. Não esqueçamos, observa S. Jerônimo, que os demais “Apóstolos tinham visto que Pedro e o Senhor pagaram o mesmo tributo” devido ao Templo. Tiago e João foram escolhidos com Pedro para serem testemunhas da Transfiguração. Eles já o tinham sido da ressurreição da filha de Jairo. Vem, então, muito a propósito a curiosidade dos discípulos, “que se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram: Quem é o maior no Reino dos Céus?” Em todos os tempos, o desejo de grandeza e de glória encontra guarida em muitas mentes. Mas nada escapa ao olhar atento de Jesus. Por isso, querendo formá-los, ele adverte que para partilhar da...

Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 24 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 24 de Fevereiro Mc 9, 14-29: A cura do epilético endemoninhado                   Além de ser um desafio às leis naturais, o milagre traz uma significação espiritual para o cristão, que, pela fé em Cristo, associa-se ao nascimento constante da criação, no qual ele encontra sua própria realização. De modo simples e sóbrio, evitando o sensacional, o milagre, realizado por Jesus, proclama nossa reconciliação e comunhão na grande síntese do divino, do humano e da natureza, pois “na plenitude dos tempos, exclama S. Máximo o Confessor, essa síntese será visível em Cristo, compêndio dos desígnios de Deus”. De fato, estamos inseridos num grande movimento de regeneração e reconciliação, que tende a Cristo e nele se realiza. Graças à fé, o milagre é um sinal do que se opera na criação renovada e que se manifestará na plenitude dos tempos: ele converte e cura, regenera e r...

Reflexão do Evangelho de Domingo - 23 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Domingo - 23 de Fevereiro Mt 5, 38-48: Olho por olho e dente por dente                   Soa-nos estranha a prática da vingança sancionada pelo código mosaico: “olho por olho e dente por dente”. Ela é suavizada pela lei romana do “talião”, ao determinar que a compensação não exceda ao dano. Mesmo assim, tal interpretação não corresponde ao objetivo próprio da Lei, cuja intenção é frear o ímpeto da vingança pessoal e levar à santidade de vida, embora, como observa S. Agostinho, “o referido preceito já expresse perdoar um pouco e indique o início de uma justiça misericordiosa”.          Esse raio de luz, presente na antiga Lei, conduz-nos ao esplendor da luz divina, o Filho de Deus encarnado, no qual se realiza a lei da aliança, do Reino, que supõe uma união total dos discípulos ao seu Mestre, à sua vida, toda dominada pelo amor-agape, d...

Reflexão dos Evangelhos de Sábado – 22 de Fevereiro

Reflexão dos Evangelhos de Sábado – 22 de Fevereiro Mt 16, 13-19 – Confissão de S. Pedro          Na bela cidade de Cesareia, reedificada pelo tetrarca Felipe no ano 3-2 a. C, Jesus interroga seus discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?” A própria pergunta sugere um ponto de vista humano. A opinião popular identificava-o com um dos profetas do passado. “Disseram-lhe: uns afirmam que é João Batista, outros que é Elias, outros, ainda, que é Jeremias ou um dos profetas”.  Voltando-se para os Apóstolos, Jesus pergunta: “E vós quem dizeis que eu sou?” Eles pressentem, diz S. Hilário, que, “para além do que se via nele, havia algo mais”. A resposta decisiva e imediata, em nome de todos, é dada por Pedro. Não fundado em premissas puramente humanas, mas inspirado por Deus, ele proclama a sua natureza divina: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Profissão de fé, confirmada por Jesus: “Não foi carne ou sangue que te revelaram isto, e si...

Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 21 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 21 de Fevereiro Mc 8, 34-9,1: Condições para seguir Jesus                   As palavras de Jesus refletem doçura e respeito à liberdade: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. Salienta S. João Crisóstomo: “Ele não força, não constringe, mas torna cada um senhor da sua livre escolha”, pois a sua missão é resgatar, na misericórdia e no amor, os corações despedaçados e a humanidade pecadora. Sem dúvida, há os que se opõem à reconciliação e estabelecem um conflito entre o reino de Deus e o reino das trevas, levando o Mestre a intimar seus ouvintes a escolher, de modo claro e firme, com palavras bastante incisivas: “Quem quer salvar a vida, vai perdê-la, mas o que perder a sua vida por causa de mim vai encontrá-la”. Diante destas palavras, S. João Crisóstomo exclama: “A vida obtida de modo indevido torna-se perdição. Pior ainda....

Reflexão do Evangelho de Quinta-feira – 20 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Quinta-feira – 20 de Fevereiro Mc 8, 27-33 – Confissão de S. Pedro          A caminho das “aldeias de Cesareia de Filipe, para introduzir os Apóstolos no mistério de sua missão, cujo objetivo era formar e constituir o novo povo de Deus, Jesus pergunta-lhes: “Quem dizem as multidões que eu sou?” A resposta de Pedro é significativa, imediata e direta, em nome de todos: “Tu és o Cristo de Deus”. As palavras de Pedro indicam não só a prova pela qual Jesus deverá passar, mas igualmente a fé dos discípulos, que hão de acolher a sua Paixão. É o seguimento da cruz, caminho de renúncia, necessário para encontrar-se nele e para decidir-se por Ele.   Momento solene e revelador. Arrebatados ao âmago da vida de oração e de comunhão com o Pai, os olhos interiores dos Apóstolos se iluminam e eles reconhecem nas palavras de Jesus uma aquiescência implícita à sua missão de Servo Sofredor. Com efeito, chamando-o de “o Cristo de Deu...

Reflexão do Evangelho de Quarta-feira – 19 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Quarta-feira – 19 de Fevereiro Mc 8, 22-26: A cura do cego de Betsaida           Com esta passagem, conclui-se a controvérsia de Jesus com os fariseus sobre os ritos de purificação. Logo após atender ao pedido da Cananeia e ainda na região da Decápole, Ele realiza a cura do cego de Betsaida. Em tais milagres reafirma-se a ideia de que a verdadeira pureza brota do interior do coração e é fruto da fé concedida por Deus. A repreensão feita, anteriormente, aos fariseus e aos discípulos, por não terem compreendido suas palavras, é uma dramática preparação para a cura desse cego. Talvez para provocá-los, por causa da incompreensão deles, o Mestre leva o cego a um lugar à parte. A restituição gradativa da visão ao cego, em dois tempos, induz a visualizar o processo de conversão interior ou a cura da cegueira espiritual. De fato, primeiramente, aquele que era cego vê, de modo turvo, as “pessoas que nem árvores andando”...

Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 18 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 18 de Fevereiro Mc 8, 14-21: Fermento dos fariseus          Em lugar da superabundância messiânica do pão ázimo da nova Páscoa cristã, verdadeiro pão de vida eterna, os fariseus impõem aos seus discípulos o fardo insuportável de suas prescrições rituais, o alimento fermentado de suas “tradições humanas”, que contaminam seus seguidores. O pão ázimo constitui o alimento de Israel, em que o fermento era excluído, talvez por ser símbolo de corrupção. Por isso, ao referir-se aos fariseus, Jesus salienta a ideia de renovação: o velho fermento deve desaparecer. Seus discípulos hão de evitar esse alimento, pois Ele lhes preparou, salienta Orígenes, “uma massa nova e espiritual, oferecendo-se a si mesmo, pão vivo descido dos céus e que dá vida ao mundo”.          Para que todos o compreendam, mesmo os que têm os corações embotados, Jesus explica suas palavras, nota nova...

Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 17 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 17 de Fevereiro Mc 8, 11-13: Fariseus pedem um sinal do céu            O Evangelho narra que “os fariseus saíram e começaram a discutir com Jesus. Para pô-lo à prova, pediam-lhe um sinal vindo do céu”. É admirável a serenidade do Senhor, que já tinha realizado tantos milagres e sinais. Que queriam eles? Qual sinal do céu? S. João Crisóstomo responde: “Sem dúvida, pensavam que Ele devesse parar o sol, ou pôr freio à lua, ou fazer cair raios do céu ou transtornar a atmosfera ou algo nessa linha. Seus inimigos talvez pensassem nos sinais que ocorreram no tempo do faraó. Caso pudéssemos responder, diríamos que, naquele caso, tratava-se da libertação da escravidão de um inimigo, daí a razão de tais sinais. Aquele que ali estava, porém, se apresentava como amigo a seus amigos, não tendo necessidade de tais sinais”. Por isso, Jesus nega-lhes o direito de um sinal “e deixando-os, embarcou de novo e foi ...

Reflexão do Evangelho de Domingo – 16 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Domingo – 16 de Fevereiro Mt 5, 20-29 - A nova justiça é superior à antiga A todas as proibições, Jesus antepõe a virtude do amor fraterno. Por isso, de modo enfático, Ele proclama: “Não matarás, aquele que matar terá de responder em juízo”. Para o Senhor, é impensável tirar, de modo voluntário, a vida de alguém, primariamente, pelo fato de ele estar agindo contra o próprio Deus, “à imagem e semelhança do qual” todo ser humano foi criado. S. Gregório de Nissa dirá que o ser humano é “imagem viva de Deus”, não apenas enquanto ser espiritual, mas também em seu ser corpóreo. No seu todo, como ser único e indiviso, ele é um retrato de Deus, de modo que, através de sua grandeza e dignidade, refletida de modo pleno em Jesus Cristo, se pode entrever a face humana de Deus. Criado por Deus, o homem é conduzido, por uma ação paciente e constante, a assemelhar-se àquele a imagem do qual ele foi criado, isto é, o Verbo encarnado, Jesus Cristo, nas palavras de S. Iri...

Reflexão do Evangelho de Sábado – 15 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Sábado – 15 de Fevereiro Mc 8, 1-10 -  Multiplicação dos pães (segunda)                   Jesus sobe à montanha e senta-se. Os enfermos que dele se aproximam são curados, sinal da grandeza de sua misericórdia e da presença do poder de Deus. Realizam-se, assim, as palavras dos profetas que anunciavam o Messias como aquele que reuniria as ovelhas dispersas e desgarradas, feridas e débeis. Verifica-se, igualmente, o que os discípulos consideravam impossível: alimentar, naquele lugar desértico, a multidão de pessoas que o seguia. Aos seus olhos certamente surgia a imagem da solicitude de Deus, alimentando no deserto o povo de Israel. Muitos que lá se encontram vieram de longe. Como alimentá-los? Quem toma a iniciativa é o próprio Jesus, que, olhando ao seu redor, exclama: “Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que está comigo e não tem o que comer”. Mais do q...

Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 14 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 14 de Fevereiro Mc 7, 31-37: Cura do surdo-mudo          Ao realizar o milagre da filha da cananeia, Jesus demonstra  curar sem ter contato direto com a pessoa. Basta o poder de sua Palavra. Herodes julga ser Ele o profeta João Batista, que teria voltado à vida, pois os anjos ou as forças do Reino celeste “agem nele”. Os discípulos ainda se sentem comovidos pelo fato de tê-lo visto caminhando sobre o mar. Para a comunidade cristã realiza-se a promessa do profeta Isaías: “Então se abrirão os olhos dos cegos, e os ouvidos dos surdos se desobstruirão” (35,5).          Agora, em território pagão, na Decápole, as multidões se maravilham diante de suas palavras e milagres. O divino Mestre manifesta a beleza e a bondade de Deus, curando um surdo-mudo. Tocando-lhe os ouvidos e a língua, diz-lhe: “Effatha”, que quer dizer: “Abre-te!”, para significar a cura da surd...

Reflexão do Evangelho de Quinta-feira – 13 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Quinta-feira – 13 de Fevereiro Mc 7, 24-30: Cura da filha da Cananeia                   Jesus se encontra em terra estrangeira, cuja população se liga aos antigos cananeus, execrados pelos judeus. E é uma filha desse povo que suplica, exclamando como os dois cegos: “Tem piedade de mim, Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim; a minha filha está horrivelmente endemoninhada” (Mt 15,21). Observa S. Hilário de Poitiers: “A filha da mulher cananeia aparece como figura de todos os povos pagãos, que se converterão ao Senhor”.  Incomodados pelos rogos insistentes, os discípulos dirigem-se a Jesus e pedem-lhe: “despede-a”, no sentido de libertá-la e conceder-lhe a graça solicitada. Pela primeira vez, constata-se a intervenção direta dos discípulos, em uma mediação positiva.             A resposta imediata do Senhor reflete a ...

Reflexão do Evangelho de Quarta-feira – 12 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Quarta-feira – 12 de Fevereiro Mc 7, 14-23: Lição sobre o que é puro ou impuro          Após mostrar o sentido profundo das tradições judaicas, Jesus se dirige aos que o cercam e lhes diz que não é o que vem do exterior, mas “o que sai do homem, isso é o que o torna impuro”. Tertuliano interpreta estas palavras como sendo uma exortação, para que “sigamos ao Senhor, nós seus servos, e suportemos com paciência as injúrias recebidas e, assim, possamos bendizê-lo. Pois quando alguém diz algo insolente, com pouca moderação, ou algo mal contra mim, eu posso julgar que é necessário responder com idêntica amargura ou com um silêncio cheio de impaciência. Se eu maldigo, conclui ele, como poderia considerar-me seguidor dos ensinamentos do Senhor, para quem o homem não se mancha com a sujeira dos copos, mas com o que sai de sua boca?” Jesus não fala de animais puros e impuros, nem dos preceitos alimentares, mas sua intenção, c...

Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 11 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 11 de Fevereiro Mc 7, 1-13: Discussão sobre as tradições farisaicas                   Os pensamentos dos que o rodeiam e as considerações evasivas não passam despercebidos, pois Jesus conhece “até suas intenções interiores mais profundas” (S. Clemente de Roma). Por isso, a pouco e pouco, ele leva seus discípulos a se desprenderem das práticas farisaicas, meramente exteriores e insuficientes, que eram impostas ao povo, qual fardo insuportável. Os fariseus atribuíam o máximo valor aos insignificantes preceitos da Lei, estendendo-os à vida comum de cada dia. Jesus os recrimina e fala de hipocrisia, nem sempre para caracterizar a simulação, mas um legalismo exagerado, que obscurece a misericórdia divina. Acima das prescrições e sacrifícios, dos preceitos humanos e do serviço simplesmente dos lábios, Jesus situa a honra devida ao Pai e o verdadeiro culto a Deus, jam...

Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 10 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 10 de Fevereiro Mc 6, 53-56: Curas ao redor de Genesaré            Uma vez mais, Jesus encontra-se na região da Galileia, mais precisamente, em Genesaré, vasta faixa de terra fértil, situada na planície de Genesar, na margem ocidental do lago do mesmo nome. Além da multiplicação dos pães e do fato de caminhar sobre as ondas do mar, Ele realiza aí muitos outros milagres. Admirado, o povo o considera mais do que um simples taumaturgo e, maravilhado com os seus ensinamentos, compara-o a Moisés, que com autoridade falava ao povo, no deserto. À mente de todos, surge a questão: não é ele o Messias? O milagre provoca curiosidade e espanto. O povo vê-se diante do inaudito e do estupendo, manifestações do milagre, que os encanta e os inebria, deixando, no entanto, na penumbra, o essencial. S. Agostinho observa: “O milagre é, principalmente, sinal da presença atuante de Deus em nossa história”. No milag...

Reflexão do Evangelho de Domingo – 09 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Domingo – 09 de Fevereiro Mt 5, 13-16: Vós sois o sal da terra e a luz do mundo          Utilizando imagens simples e populares, como sal e luz, Jesus transmite seus ensinamentos e as verdades da fé. Ele deseja destacar as responsabilidades dos discípulos em sua missão evangelizadora no mundo. O sal, valiosa mercadoria no mundo antigo, constituía instrumento de troca e de compra. O sal purifica, penetra e preserva outros alimentos, mas, quando impuro, torna-se insípido e perde todo o seu valor. Se assim fossem os Apóstolos, insípidos, eles seriam desdenhados pelo povo e suas palavras não teriam força transformadora e o desespero tomaria o lugar da esperança. Como o sal puro, eles são destinados a purificar, preservar e penetrar a sociedade humana de modo que nela vigorem os valores do Evangelho e reinem a justiça e a paz. Os autênticos discípulos do Senhor, segundo Orígenes, “possuem a capacidade de se preservar par...

Reflexão do Evangelho de Sábado – 08 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Sábado – 08 de Fevereiro Mc 6, 30-34: Multiplicação dos pães – início do relato          Logo após ter recebido a notícia da morte de João Batista, Jesus se retira para um lugar solitário, manifestando o desejo pedagógico de uma formação mais acurada e particular dos Apóstolos. O evangelista S. Marcos lhes dá o título de Apóstolos, enviados, título empregado primeiramente para designar a missão de Cristo, para assim sublinhar serem eles representantes especiais do Messias. O círculo dos discípulos é descrito como imagem da comunidade missionária futura, na pregação da palavra e no cultivo do recolhimento interior. Aqui, já se entrevê a estrutura da assembleia da Igreja, não estranha ao culto sinagogal, que se inicia com uma reunião de leituras e de pregação, seguida de preces e meditação. Ambas perfazem a vida cristã: a atividade externa e o recolhimento, a ação apostólica e o descanso. O próprio Evangelho narra que...

Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 07 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 07 de Fevereiro Mc 6, 14-29 - Morte de João Batista          O Evangelho de São Marcos, de onde foi retirada a citação acima, relata a morte de João Batista como uma espécie de prelúdio à missão redentora de Jesus. Ele é apresentado como precursor do Cristo por sua morte, como o foi por sua pregação. Muitos cristãos chegam a apontar semelhanças entre os dois. Ambos foram profetas e ambos testemunharam a verdade, ao preço de sua própria vida. João Batista foi assassinado por ordem de Herodes, e Jesus, depois de ser entregue a Pôncio Pilatos por seus adversários, morreu na cruz. Quantos seguiram Jesus no martírio, fortalecidos em seus corações pelo amor a Deus e por sua verdade! João Batista preferiu afrontar o ódio do rei, em vez de negar os mandamentos de Deus apenas para adulá-lo. Embora aconselhado por João a deixar o pecado do adultério, porque Herodes vivia em concubinato com a mulher do próprio ...