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Mostrando postagens de fevereiro, 2014

Reflexão do Evangelho de Domingo – 02 de Março

Reflexão do Evangelho de Domingo – 02 de Março Mt 6, 24-34: Deus e o dinheiro                   Há de se escolher entre Deus e o dinheiro, declarar-se por um senhor ou por outro, pois “ninguém pode servir a dois senhores, ou odiará um e amará o outro, ou se apegará ao primeiro e desprezará o segundo. Não se pode servir a Deus e ao dinheiro”. Caso não se decida, o discípulo permanecerá ansioso e dividido no seu interior. A palavra “ansiedade” significa “ter duas mentes”, sentir-se inseguro, inquieto e indeciso. Ora deixando de optar, o medo o assalta, sente-se aflito e, martirizando-se em meio a dúvidas e incertezas, ele quer se submeter a Deus, sem deixar, porém, de alimentar o desejo de viver segundo os padrões de uma mentalidade mundana. Os contrastes se revezam e o obrigam a tomar uma decisão, por um ou por outro mestre. Mestre é aquele que comanda quem o segue, em seu modo de pensar e em seus ideais, ele é quem controla os desejos do seu coração e confere-lhe os valores no

Reflexão do Evangelho de Sábado – 01 de Março

Reflexão do Evangelho de Sábado – 01 de Março Mc.10, 13-16: Jesus e as crianças Jesus se vê rodeado de crianças, trazidas pelos parentes, a fim de Ele lhes impor as mãos. Sinal de transcendência sagrada, contato salvador de Jesus com a humanidade, cujo efeito é testemunhado pela hemorroíssa, ao tocar suas vestes, e pelo surdo-mudo, tocado por Ele. Esse aspecto sensível faz parte integrante da realidade humana. Também, em nossos dias, é forte a necessidade de tocar, de sentir a presença da graça e de receber uma bênção pela imposição das mãos.          Das crianças é o Reino de Deus, proclama o Evangelho.  Elas confiam em Jesus e suas mães desejam que Ele lhes conceda proteção e a graça divina. Escreve S. Epifânio: “As crianças ignoram a maldade, pois não sabem pagar o mal com o mal. Não sabem como prejudicar alguém”. Apolinário de Laodiceia observa: “O que a criança tem por natureza, Deus deseja que tenhamos por escolha: confiança, simplicidade, não guardando rancor face aos e

Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 28 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 28 de Fevereiro Mc 10, 1-12: Perguntas sobre o divórcio                     Acalorada era a discussão entre os rabinos sobre o motivo que legitimava o repúdio da própria mulher. A questão girava ao redor das determinações do Deuteronômio, cujas expressões eram pouco precisas. Para testar Jesus, os fariseus lhe perguntam: “É lícito repudiar a própria mulher por qualquer motivo que seja?” Os mais rígidos, escola de Shammai, interpretavam o texto bíblico em seu sentido estrito: só em caso de uma conduta deveras desonrante. Ou em sentido mais amplo, escola de Hillel, segundo a qual se podia repudiar a mulher por não importa qual motivo. A pergunta é capciosa e visa colocar Jesus à prova.          Ciente do que se passa no coração de seus ouvintes, o Senhor situa a questão no quadro dos desígnios do Pai. Sem negar a Lei, é necessário superá-la não se deixando limitar por ela. Com sabedoria, Jesus põe em evidência o gesto inicial da criação do

Reflexão do Evangelho de Quinta-27 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Quinta-27 de Fevereiro Mc 9, 41-50: O escândalo a ser evitado          Vivemos em meio a dois poderes que se embatem, o poder da tentação e o da fé. Se o primeiro nos quer arrastar ao pecado, o segundo permite-nos superar os obstáculos e vencer as atrações do mal. O maior dos males é a ruptura com Deus e com os irmãos, e o maior bem é a vida em Deus e a comunhão fraterna. Por isso, quão grande foi o escândalo suscitado pelo bezerro de ouro, o cisma de Israel ou os ídolos de Samaria! Mas, não menos forte foi o constante apelo dos profetas e, sobretudo, de Jesus, para que ninguém se tornasse causa de escândalo. A palavra escândalo sugere a ideia de armadilha ou pedra de tropeço, que leva alguém a se afastar da fidelidade a Deus e a romper a comunhão fraterna. Ao insistir sobre a gravidade do escândalo, Jesus exorta os discípulos para que se esforcem em não ocasioná-lo. Impressiona-nos ouvi-lo dizer, com voz áspera e severa: “Seria melhor para quem é caus

Reflexão do Evangelho de Quarta-feira – 26 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Quarta-feira – 26 de Fevereiro Mc 9, 38-40 - O uso do nome de Jesus                   Os primeiros cristãos, de origem judaica, têm perante seus olhos o nome divino, dado pelo próprio Deus a Moisés: “Eu sou aquele que sou”. Nome irredutível a qualquer outro nome. Realidade inefável. A mesma ideia tinham eles a respeito do nome de Jesus, que, em seu poder, imprime no cristão a sua imagem misteriosa, mas real, santificando-o. Opera-se nele uma verdadeira transformação. Destaca o Apóstolo S. Paulo: “Nós refletimos como num espelho a glória do Senhor, somos transfigurados nessa mesma imagem, cada vez mais resplandecente, pela ação do Senhor, que é Espírito” (2Cor 3,17).          Se a transfiguração do homem se realiza, graças à presença do Senhor, não só entre nós, mas em nós, seria possível alguém apoderar-se da ação ou do ministério de Jesus? O Apóstolo S. João relata a Jesus: “Mestre, vimos alguém que não nos segue, expulsando demônios em teu nome, e o

Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 25 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 25 de Fevereiro Mc 9, 30-37: Segundo anúncio da paixão e pergunta: Quem é o maior?                   No surgimento da Igreja, o Apóstolo S. Pedro recebe do Senhor diversos sinais de preeminência, o que poderia despertar, entre os Apóstolos, certa rivalidade. Não esqueçamos, observa S. Jerônimo, que os demais “Apóstolos tinham visto que Pedro e o Senhor pagaram o mesmo tributo” devido ao Templo. Tiago e João foram escolhidos com Pedro para serem testemunhas da Transfiguração. Eles já o tinham sido da ressurreição da filha de Jairo. Vem, então, muito a propósito a curiosidade dos discípulos, “que se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram: Quem é o maior no Reino dos Céus?” Em todos os tempos, o desejo de grandeza e de glória encontra guarida em muitas mentes. Mas nada escapa ao olhar atento de Jesus. Por isso, querendo formá-los, ele adverte que para partilhar da sua glória é necessário passar pela cruz. Aliás, Ele acabara de anunciar seu s

Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 24 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 24 de Fevereiro Mc 9, 14-29: A cura do epilético endemoninhado                   Além de ser um desafio às leis naturais, o milagre traz uma significação espiritual para o cristão, que, pela fé em Cristo, associa-se ao nascimento constante da criação, no qual ele encontra sua própria realização. De modo simples e sóbrio, evitando o sensacional, o milagre, realizado por Jesus, proclama nossa reconciliação e comunhão na grande síntese do divino, do humano e da natureza, pois “na plenitude dos tempos, exclama S. Máximo o Confessor, essa síntese será visível em Cristo, compêndio dos desígnios de Deus”. De fato, estamos inseridos num grande movimento de regeneração e reconciliação, que tende a Cristo e nele se realiza. Graças à fé, o milagre é um sinal do que se opera na criação renovada e que se manifestará na plenitude dos tempos: ele converte e cura, regenera e renova a vida, como no caso de Nicodemos e do cego de nascença e de tantos outro

Reflexão do Evangelho de Domingo - 23 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Domingo - 23 de Fevereiro Mt 5, 38-48: Olho por olho e dente por dente                   Soa-nos estranha a prática da vingança sancionada pelo código mosaico: “olho por olho e dente por dente”. Ela é suavizada pela lei romana do “talião”, ao determinar que a compensação não exceda ao dano. Mesmo assim, tal interpretação não corresponde ao objetivo próprio da Lei, cuja intenção é frear o ímpeto da vingança pessoal e levar à santidade de vida, embora, como observa S. Agostinho, “o referido preceito já expresse perdoar um pouco e indique o início de uma justiça misericordiosa”.          Esse raio de luz, presente na antiga Lei, conduz-nos ao esplendor da luz divina, o Filho de Deus encarnado, no qual se realiza a lei da aliança, do Reino, que supõe uma união total dos discípulos ao seu Mestre, à sua vida, toda dominada pelo amor-agape, doação total. Em sua aniquilação voluntária na cruz, Jesus é a manifestação vitoriosa neste mundo do amor do Pai, que le

Reflexão dos Evangelhos de Sábado – 22 de Fevereiro

Reflexão dos Evangelhos de Sábado – 22 de Fevereiro Mt 16, 13-19 – Confissão de S. Pedro          Na bela cidade de Cesareia, reedificada pelo tetrarca Felipe no ano 3-2 a. C, Jesus interroga seus discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?” A própria pergunta sugere um ponto de vista humano. A opinião popular identificava-o com um dos profetas do passado. “Disseram-lhe: uns afirmam que é João Batista, outros que é Elias, outros, ainda, que é Jeremias ou um dos profetas”.  Voltando-se para os Apóstolos, Jesus pergunta: “E vós quem dizeis que eu sou?” Eles pressentem, diz S. Hilário, que, “para além do que se via nele, havia algo mais”. A resposta decisiva e imediata, em nome de todos, é dada por Pedro. Não fundado em premissas puramente humanas, mas inspirado por Deus, ele proclama a sua natureza divina: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Profissão de fé, confirmada por Jesus: “Não foi carne ou sangue que te revelaram isto, e sim o meu Pai que está nos céus”. Por revelaçã

Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 21 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 21 de Fevereiro Mc 8, 34-9,1: Condições para seguir Jesus                   As palavras de Jesus refletem doçura e respeito à liberdade: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. Salienta S. João Crisóstomo: “Ele não força, não constringe, mas torna cada um senhor da sua livre escolha”, pois a sua missão é resgatar, na misericórdia e no amor, os corações despedaçados e a humanidade pecadora. Sem dúvida, há os que se opõem à reconciliação e estabelecem um conflito entre o reino de Deus e o reino das trevas, levando o Mestre a intimar seus ouvintes a escolher, de modo claro e firme, com palavras bastante incisivas: “Quem quer salvar a vida, vai perdê-la, mas o que perder a sua vida por causa de mim vai encontrá-la”. Diante destas palavras, S. João Crisóstomo exclama: “A vida obtida de modo indevido torna-se perdição. Pior ainda. Não há nada que a possa resgatar. Que vantagem lhe advém, mesmo ganhando o mun

Reflexão do Evangelho de Quinta-feira – 20 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Quinta-feira – 20 de Fevereiro Mc 8, 27-33 – Confissão de S. Pedro          A caminho das “aldeias de Cesareia de Filipe, para introduzir os Apóstolos no mistério de sua missão, cujo objetivo era formar e constituir o novo povo de Deus, Jesus pergunta-lhes: “Quem dizem as multidões que eu sou?” A resposta de Pedro é significativa, imediata e direta, em nome de todos: “Tu és o Cristo de Deus”. As palavras de Pedro indicam não só a prova pela qual Jesus deverá passar, mas igualmente a fé dos discípulos, que hão de acolher a sua Paixão. É o seguimento da cruz, caminho de renúncia, necessário para encontrar-se nele e para decidir-se por Ele.   Momento solene e revelador. Arrebatados ao âmago da vida de oração e de comunhão com o Pai, os olhos interiores dos Apóstolos se iluminam e eles reconhecem nas palavras de Jesus uma aquiescência implícita à sua missão de Servo Sofredor. Com efeito, chamando-o de “o Cristo de Deus”, o apóstolo reporta-se, evidentement

Reflexão do Evangelho de Quarta-feira – 19 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Quarta-feira – 19 de Fevereiro Mc 8, 22-26: A cura do cego de Betsaida           Com esta passagem, conclui-se a controvérsia de Jesus com os fariseus sobre os ritos de purificação. Logo após atender ao pedido da Cananeia e ainda na região da Decápole, Ele realiza a cura do cego de Betsaida. Em tais milagres reafirma-se a ideia de que a verdadeira pureza brota do interior do coração e é fruto da fé concedida por Deus. A repreensão feita, anteriormente, aos fariseus e aos discípulos, por não terem compreendido suas palavras, é uma dramática preparação para a cura desse cego. Talvez para provocá-los, por causa da incompreensão deles, o Mestre leva o cego a um lugar à parte. A restituição gradativa da visão ao cego, em dois tempos, induz a visualizar o processo de conversão interior ou a cura da cegueira espiritual. De fato, primeiramente, aquele que era cego vê, de modo turvo, as “pessoas que nem árvores andando”. De modo semelhante, apesar do contato assí

Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 18 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 18 de Fevereiro Mc 8, 14-21: Fermento dos fariseus          Em lugar da superabundância messiânica do pão ázimo da nova Páscoa cristã, verdadeiro pão de vida eterna, os fariseus impõem aos seus discípulos o fardo insuportável de suas prescrições rituais, o alimento fermentado de suas “tradições humanas”, que contaminam seus seguidores. O pão ázimo constitui o alimento de Israel, em que o fermento era excluído, talvez por ser símbolo de corrupção. Por isso, ao referir-se aos fariseus, Jesus salienta a ideia de renovação: o velho fermento deve desaparecer. Seus discípulos hão de evitar esse alimento, pois Ele lhes preparou, salienta Orígenes, “uma massa nova e espiritual, oferecendo-se a si mesmo, pão vivo descido dos céus e que dá vida ao mundo”.          Para que todos o compreendam, mesmo os que têm os corações embotados, Jesus explica suas palavras, nota novamente Orígenes, “de modo mais explícito, aludindo não ao pão material, mas ao f

Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 17 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 17 de Fevereiro Mc 8, 11-13: Fariseus pedem um sinal do céu            O Evangelho narra que “os fariseus saíram e começaram a discutir com Jesus. Para pô-lo à prova, pediam-lhe um sinal vindo do céu”. É admirável a serenidade do Senhor, que já tinha realizado tantos milagres e sinais. Que queriam eles? Qual sinal do céu? S. João Crisóstomo responde: “Sem dúvida, pensavam que Ele devesse parar o sol, ou pôr freio à lua, ou fazer cair raios do céu ou transtornar a atmosfera ou algo nessa linha. Seus inimigos talvez pensassem nos sinais que ocorreram no tempo do faraó. Caso pudéssemos responder, diríamos que, naquele caso, tratava-se da libertação da escravidão de um inimigo, daí a razão de tais sinais. Aquele que ali estava, porém, se apresentava como amigo a seus amigos, não tendo necessidade de tais sinais”. Por isso, Jesus nega-lhes o direito de um sinal “e deixando-os, embarcou de novo e foi para a outra margem”.          Ao desejare

Reflexão do Evangelho de Domingo – 16 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Domingo – 16 de Fevereiro Mt 5, 20-29 - A nova justiça é superior à antiga A todas as proibições, Jesus antepõe a virtude do amor fraterno. Por isso, de modo enfático, Ele proclama: “Não matarás, aquele que matar terá de responder em juízo”. Para o Senhor, é impensável tirar, de modo voluntário, a vida de alguém, primariamente, pelo fato de ele estar agindo contra o próprio Deus, “à imagem e semelhança do qual” todo ser humano foi criado. S. Gregório de Nissa dirá que o ser humano é “imagem viva de Deus”, não apenas enquanto ser espiritual, mas também em seu ser corpóreo. No seu todo, como ser único e indiviso, ele é um retrato de Deus, de modo que, através de sua grandeza e dignidade, refletida de modo pleno em Jesus Cristo, se pode entrever a face humana de Deus. Criado por Deus, o homem é conduzido, por uma ação paciente e constante, a assemelhar-se àquele a imagem do qual ele foi criado, isto é, o Verbo encarnado, Jesus Cristo, nas palavras de S. Iri

Reflexão do Evangelho de Sábado – 15 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Sábado – 15 de Fevereiro Mc 8, 1-10 -  Multiplicação dos pães (segunda)                   Jesus sobe à montanha e senta-se. Os enfermos que dele se aproximam são curados, sinal da grandeza de sua misericórdia e da presença do poder de Deus. Realizam-se, assim, as palavras dos profetas que anunciavam o Messias como aquele que reuniria as ovelhas dispersas e desgarradas, feridas e débeis. Verifica-se, igualmente, o que os discípulos consideravam impossível: alimentar, naquele lugar desértico, a multidão de pessoas que o seguia. Aos seus olhos certamente surgia a imagem da solicitude de Deus, alimentando no deserto o povo de Israel. Muitos que lá se encontram vieram de longe. Como alimentá-los? Quem toma a iniciativa é o próprio Jesus, que, olhando ao seu redor, exclama: “Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que está comigo e não tem o que comer”. Mais do que um simples sentimento, a palavra compaixão expressa algo que provém do interior d

Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 14 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 14 de Fevereiro Mc 7, 31-37: Cura do surdo-mudo          Ao realizar o milagre da filha da cananeia, Jesus demonstra  curar sem ter contato direto com a pessoa. Basta o poder de sua Palavra. Herodes julga ser Ele o profeta João Batista, que teria voltado à vida, pois os anjos ou as forças do Reino celeste “agem nele”. Os discípulos ainda se sentem comovidos pelo fato de tê-lo visto caminhando sobre o mar. Para a comunidade cristã realiza-se a promessa do profeta Isaías: “Então se abrirão os olhos dos cegos, e os ouvidos dos surdos se desobstruirão” (35,5).          Agora, em território pagão, na Decápole, as multidões se maravilham diante de suas palavras e milagres. O divino Mestre manifesta a beleza e a bondade de Deus, curando um surdo-mudo. Tocando-lhe os ouvidos e a língua, diz-lhe: “Effatha”, que quer dizer: “Abre-te!”, para significar a cura da surdez física, sobretudo, para expressar a abertura do coração à fé, que exige “escuta”

Reflexão do Evangelho de Quinta-feira – 13 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Quinta-feira – 13 de Fevereiro Mc 7, 24-30: Cura da filha da Cananeia                   Jesus se encontra em terra estrangeira, cuja população se liga aos antigos cananeus, execrados pelos judeus. E é uma filha desse povo que suplica, exclamando como os dois cegos: “Tem piedade de mim, Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim; a minha filha está horrivelmente endemoninhada” (Mt 15,21). Observa S. Hilário de Poitiers: “A filha da mulher cananeia aparece como figura de todos os povos pagãos, que se converterão ao Senhor”.  Incomodados pelos rogos insistentes, os discípulos dirigem-se a Jesus e pedem-lhe: “despede-a”, no sentido de libertá-la e conceder-lhe a graça solicitada. Pela primeira vez, constata-se a intervenção direta dos discípulos, em uma mediação positiva.             A resposta imediata do Senhor reflete a mentalidade presente entre os judeus, de que o Messias daria prioridade aos filhos de Israel: “Não fica bem tirar o pão dos filhos e a

Reflexão do Evangelho de Quarta-feira – 12 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Quarta-feira – 12 de Fevereiro Mc 7, 14-23: Lição sobre o que é puro ou impuro          Após mostrar o sentido profundo das tradições judaicas, Jesus se dirige aos que o cercam e lhes diz que não é o que vem do exterior, mas “o que sai do homem, isso é o que o torna impuro”. Tertuliano interpreta estas palavras como sendo uma exortação, para que “sigamos ao Senhor, nós seus servos, e suportemos com paciência as injúrias recebidas e, assim, possamos bendizê-lo. Pois quando alguém diz algo insolente, com pouca moderação, ou algo mal contra mim, eu posso julgar que é necessário responder com idêntica amargura ou com um silêncio cheio de impaciência. Se eu maldigo, conclui ele, como poderia considerar-me seguidor dos ensinamentos do Senhor, para quem o homem não se mancha com a sujeira dos copos, mas com o que sai de sua boca?” Jesus não fala de animais puros e impuros, nem dos preceitos alimentares, mas sua intenção, como bem interpreta Tertuliano, é ir dir

Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 11 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 11 de Fevereiro Mc 7, 1-13: Discussão sobre as tradições farisaicas                   Os pensamentos dos que o rodeiam e as considerações evasivas não passam despercebidos, pois Jesus conhece “até suas intenções interiores mais profundas” (S. Clemente de Roma). Por isso, a pouco e pouco, ele leva seus discípulos a se desprenderem das práticas farisaicas, meramente exteriores e insuficientes, que eram impostas ao povo, qual fardo insuportável. Os fariseus atribuíam o máximo valor aos insignificantes preceitos da Lei, estendendo-os à vida comum de cada dia. Jesus os recrimina e fala de hipocrisia, nem sempre para caracterizar a simulação, mas um legalismo exagerado, que obscurece a misericórdia divina. Acima das prescrições e sacrifícios, dos preceitos humanos e do serviço simplesmente dos lábios, Jesus situa a honra devida ao Pai e o verdadeiro culto a Deus, jamais a expensas do amor ao próximo. Ouvindo-o, a multidão é sacudida por um vent

Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 10 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 10 de Fevereiro Mc 6, 53-56: Curas ao redor de Genesaré            Uma vez mais, Jesus encontra-se na região da Galileia, mais precisamente, em Genesaré, vasta faixa de terra fértil, situada na planície de Genesar, na margem ocidental do lago do mesmo nome. Além da multiplicação dos pães e do fato de caminhar sobre as ondas do mar, Ele realiza aí muitos outros milagres. Admirado, o povo o considera mais do que um simples taumaturgo e, maravilhado com os seus ensinamentos, compara-o a Moisés, que com autoridade falava ao povo, no deserto. À mente de todos, surge a questão: não é ele o Messias? O milagre provoca curiosidade e espanto. O povo vê-se diante do inaudito e do estupendo, manifestações do milagre, que os encanta e os inebria, deixando, no entanto, na penumbra, o essencial. S. Agostinho observa: “O milagre é, principalmente, sinal da presença atuante de Deus em nossa história”. No milagre revela-se a singular filiação divina de J

Reflexão do Evangelho de Domingo – 09 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Domingo – 09 de Fevereiro Mt 5, 13-16: Vós sois o sal da terra e a luz do mundo          Utilizando imagens simples e populares, como sal e luz, Jesus transmite seus ensinamentos e as verdades da fé. Ele deseja destacar as responsabilidades dos discípulos em sua missão evangelizadora no mundo. O sal, valiosa mercadoria no mundo antigo, constituía instrumento de troca e de compra. O sal purifica, penetra e preserva outros alimentos, mas, quando impuro, torna-se insípido e perde todo o seu valor. Se assim fossem os Apóstolos, insípidos, eles seriam desdenhados pelo povo e suas palavras não teriam força transformadora e o desespero tomaria o lugar da esperança. Como o sal puro, eles são destinados a purificar, preservar e penetrar a sociedade humana de modo que nela vigorem os valores do Evangelho e reinem a justiça e a paz. Os autênticos discípulos do Senhor, segundo Orígenes, “possuem a capacidade de se preservar para a vida eterna”, embora não estejam ja

Reflexão do Evangelho de Sábado – 08 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Sábado – 08 de Fevereiro Mc 6, 30-34: Multiplicação dos pães – início do relato          Logo após ter recebido a notícia da morte de João Batista, Jesus se retira para um lugar solitário, manifestando o desejo pedagógico de uma formação mais acurada e particular dos Apóstolos. O evangelista S. Marcos lhes dá o título de Apóstolos, enviados, título empregado primeiramente para designar a missão de Cristo, para assim sublinhar serem eles representantes especiais do Messias. O círculo dos discípulos é descrito como imagem da comunidade missionária futura, na pregação da palavra e no cultivo do recolhimento interior. Aqui, já se entrevê a estrutura da assembleia da Igreja, não estranha ao culto sinagogal, que se inicia com uma reunião de leituras e de pregação, seguida de preces e meditação. Ambas perfazem a vida cristã: a atividade externa e o recolhimento, a ação apostólica e o descanso. O próprio Evangelho narra que “os que chegavam eram tantos que os Ap

Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 07 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 07 de Fevereiro Mc 6, 14-29 - Morte de João Batista          O Evangelho de São Marcos, de onde foi retirada a citação acima, relata a morte de João Batista como uma espécie de prelúdio à missão redentora de Jesus. Ele é apresentado como precursor do Cristo por sua morte, como o foi por sua pregação. Muitos cristãos chegam a apontar semelhanças entre os dois. Ambos foram profetas e ambos testemunharam a verdade, ao preço de sua própria vida. João Batista foi assassinado por ordem de Herodes, e Jesus, depois de ser entregue a Pôncio Pilatos por seus adversários, morreu na cruz. Quantos seguiram Jesus no martírio, fortalecidos em seus corações pelo amor a Deus e por sua verdade! João Batista preferiu afrontar o ódio do rei, em vez de negar os mandamentos de Deus apenas para adulá-lo. Embora aconselhado por João a deixar o pecado do adultério, porque Herodes vivia em concubinato com a mulher do próprio irmão, o rei preferiu livrar-se do home