Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 18 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 18 de Fevereiro
Mc 8, 14-21: Fermento dos fariseus

         Em lugar da superabundância messiânica do pão ázimo da nova Páscoa cristã, verdadeiro pão de vida eterna, os fariseus impõem aos seus discípulos o fardo insuportável de suas prescrições rituais, o alimento fermentado de suas “tradições humanas”, que contaminam seus seguidores. O pão ázimo constitui o alimento de Israel, em que o fermento era excluído, talvez por ser símbolo de corrupção. Por isso, ao referir-se aos fariseus, Jesus salienta a ideia de renovação: o velho fermento deve desaparecer. Seus discípulos hão de evitar esse alimento, pois Ele lhes preparou, salienta Orígenes, “uma massa nova e espiritual, oferecendo-se a si mesmo, pão vivo descido dos céus e que dá vida ao mundo”.
         Para que todos o compreendam, mesmo os que têm os corações embotados, Jesus explica suas palavras, nota novamente Orígenes, “de modo mais explícito, aludindo não ao pão material, mas ao fermento presente no ensinamento dos fariseus e na astúcia ardilosa de Herodes”. S. Basílio Magno aponta ser o fermento as heresias que cegam seus seguidores e S. João Crisóstomo fala dos vícios que mancham os homens que não buscam a Deus e não caminham com Ele.
         De início, os próprios discípulos não o entendem, pois estão preocupados com o fato de não terem trazido os pães. Sentem dificuldades em se situarem no nível espiritual, para aceder à compreensão do pão celestial, o pão do céu, graças ao qual eles serão conduzidos à verdadeira liberdade. Torna-se, assim, compreensível a repreensão do Mestre: “Ainda não entendeis e nem compreendeis?” O Senhor “quer banir de seus corações, observa S. João Crisóstomo, a preocupação pelos alimentos para conferir-lhes confiança em Deus e em sua ação benevolente”. Só então eles estarão capacitados para assumir a novidade da mensagem de Jesus e estarão livres para participar da verdade, que se manifesta no interior de suas palavras, presença viva do amor gratuito de Deus. Só quem estiver interiormente livre, compreenderá seus ensinamentos e será alimentado por eles.  


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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