Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 25 de Fevereiro
Reflexão do Evangelho
de Terça-feira – 25 de Fevereiro
Mc 9, 30-37: Segundo
anúncio da paixão e pergunta: Quem é o maior?
No
surgimento da Igreja, o Apóstolo S. Pedro recebe do Senhor diversos sinais de
preeminência, o que poderia despertar, entre os Apóstolos, certa rivalidade.
Não esqueçamos, observa S. Jerônimo, que os demais “Apóstolos tinham visto que
Pedro e o Senhor pagaram o mesmo tributo” devido ao Templo. Tiago e João foram
escolhidos com Pedro para serem testemunhas da Transfiguração. Eles já o tinham
sido da ressurreição da filha de Jairo. Vem, então, muito a propósito a
curiosidade dos discípulos, “que se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram:
Quem é o maior no Reino dos Céus?”
Em todos os tempos, o
desejo de grandeza e de glória encontra guarida em muitas mentes. Mas nada
escapa ao olhar atento de Jesus. Por isso, querendo formá-los, ele adverte que
para partilhar da sua glória é necessário passar pela cruz. Aliás, Ele acabara
de anunciar seu sofrimento e sua morte dolorosa, lei espiritual válida para os
seus discípulos. De imediato, eles não o entendem, pois era forte entre eles a
concepção da vinda gloriosa do Messias. Jesus não desiste. Em sua paciência,
escreve S. Jerônimo, ele “quer purificar, por meio da humildade, o desejo de
glória manifestado por eles”. Ele se assenta, como no sermão da Montanha, e
profere um solene apelo, pois não se trata simplesmente de uma situação
hierárquica. O essencial não é o lugar que eles ocuparão junto a ele, mas é
possuir a condição necessária para entrar no Reino de Deus. E esta consiste,
acentua S. Gregório de Nissa, “no serviço, compreendido como atitude de quem
segue o Mestre e abraça como sentido de sua vida o amor a Deus e ao próximo”.
É no amor, expresso no serviço,
que o discípulo participa da realidade de Deus. Nesse sentido, diz S. Máximo o
Confessor: “O homem se eleva na mesma medida em que Deus se humilhou por amor
dos homens, assumindo o pior de nossa condição”. Para tanto, há uma exigência,
a de conversão, mudança no modo de pensar e de ser. Daí o fato de Jesus dizer:
“Se alguém quiser ser o primeiro seja o último e aquele que serve a todos”. E
exemplifica suas palavras, tomando uma criança e colocando-a no meio deles.
“Neste gesto, diz Orígenes, ele simboliza a humildade, obra do Espírito Santo”
na vida de quem o segue. A figura das crianças é comentada por S. Hilário que
observa: “Por crianças, o Senhor significa todos os que nele creem pela fé,
após tê-lo escutado. Pois serão como as crianças, que seguem seu pai, que amam sua mãe e têm por verdadeiro
o que lhes é dito”. Então, em sua vida, brilhará a humildade do Senhor.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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