Reflexão do Evangelho de Domingo – 16 de Fevereiro
Reflexão do Evangelho
de Domingo – 16 de Fevereiro
Mt 5, 20-29 - A nova
justiça é superior à antiga
A todas as
proibições, Jesus antepõe a virtude do amor fraterno. Por isso, de modo enfático,
Ele proclama: “Não matarás, aquele que matar terá de responder em juízo”. Para o
Senhor, é impensável tirar, de modo voluntário, a vida de alguém, primariamente,
pelo fato de ele estar agindo contra o próprio Deus, “à imagem e semelhança do
qual” todo ser humano foi criado. S. Gregório de Nissa dirá que o ser humano é
“imagem viva de Deus”, não apenas enquanto ser espiritual, mas também em seu
ser corpóreo. No seu todo, como ser único e indiviso, ele é um retrato de Deus,
de modo que, através de sua grandeza e dignidade, refletida de modo pleno em
Jesus Cristo, se pode entrever a face humana de Deus. Criado por Deus, o homem
é conduzido, por uma ação paciente e constante, a assemelhar-se àquele a imagem
do qual ele foi criado, isto é, o Verbo encarnado, Jesus Cristo, nas palavras
de S. Irineu. O homem, então, é impulsionado a elevar seu pensar e seu agir à
beleza e à harmonia do mistério da vida, cuja grandeza está em assumir a
responsabilidade e o verdadeiro amor a si e ao próximo.
Consequentemente,
o ato de matar é também um ato contra a dignidade da pessoa humana. Quem mata é
movido pelo desejo de “apoderar-se do que é de Deus, sem Deus”, destruindo a fraternidade
humana, realidade valiosa, porta de entrada da graça divina. Quem o faz, abala
as bases da vida humana em sociedade. O pecado não é exacerbado, mas é situado
no plano primário de Deus, que consiste em restaurar o homem e levá-lo à
comunhão fraterna. O amor, a paciência e o perdão, dons divinos, dilatam o seu
coração e ele passa a compreender, em seu íntimo, que mesmo “quem se
encolerizar contra o seu irmão, terá de responder em juízo” (v.22).
Para
além do crime e do castigo, o olhar de Jesus alcança a intenção oculta no
coração humano, sede do pecado que, semelhante a uma semente, cresce e se
desenvolve, a pouco e pouco, a menos que não seja superado e destruído pela graça
de Deus, fogo divino, que penetrando o seu coração purifica-o de seus vícios e estabelece
a vitória do amor e da força vivificante de Deus. É o próprio Mestre, que, de
modo direto e compassivo, nos conduz à fonte originária da vida cristã, a
caridade. A todos Ele concede o antídoto contra o pecado: a misericórdia, a
bondade e a paciência, nascidas de um coração pleno de amor e de perdão. O
contrário, tirar a vida de alguém ou se encolerizar contra um irmão, torna-se inimaginável.
S. Agostinho dirá: “Vivamos o amor e façamos o que quiser”. Pois quem ama
jamais ofenderá o irmão e não deixará de corresponder às exigências do Evangelho.
S. João Crisóstomo exclama: “Ó admirável bondade de Deus! Ó amor, que vai além
de nossos pensamentos! Ele descuida da honra que lhe é devida, para salvar a
caridade que devemos ter para com o próximo. Ele mostra que as advertências,
apenas pronunciadas, não se originam da aversão e muito menos do desejo de
punir, mas do imenso amor que ele nutre pelos homens”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
Comentários
Postar um comentário