Reflexão do Evangelho de Sábado – 08 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Sábado – 08 de Fevereiro
Mc 6, 30-34: Multiplicação dos pães – início do relato
        
Logo após ter recebido a notícia da morte de João Batista, Jesus se retira para um lugar solitário, manifestando o desejo pedagógico de uma formação mais acurada e particular dos Apóstolos. O evangelista S. Marcos lhes dá o título de Apóstolos, enviados, título empregado primeiramente para designar a missão de Cristo, para assim sublinhar serem eles representantes especiais do Messias. O círculo dos discípulos é descrito como imagem da comunidade missionária futura, na pregação da palavra e no cultivo do recolhimento interior. Aqui, já se entrevê a estrutura da assembleia da Igreja, não estranha ao culto sinagogal, que se inicia com uma reunião de leituras e de pregação, seguida de preces e meditação. Ambas perfazem a vida cristã: a atividade externa e o recolhimento, a ação apostólica e o descanso. O próprio Evangelho narra que “os que chegavam eram tantos que os Apóstolos não tinham tempo nem de comer”. “Detecta-se, escreve S. Beda, a enorme felicidade dos dias de trabalho do Mestre e, ao mesmo tempo, demonstra-se o entusiasmo dos discípulos”, que vieram alegres para contar-lhe o que tinham feito e ensinado.
Mas a multidão não o abandona. Segue-o onde quer que Ele vá.  Movida, talvez, por curiosidade ou por interesse. Porém, tal presença o comove e faz o evangelista dizer: “Jesus viu uma grande multidão e ficou tomado de compaixão por eles, pois estavam como ovelhas sem pastor”.  Palavras que testemunham a solicitude de Deus, pastor de seu povo, desde o Êxodo, prefigurando o Bom Pastor, Jesus Cristo. Compaixão, não é um sentimento fugaz, mas provém do interior da alma, das entranhas (splagXvísomai), de sorte que ao lermos: “ficou tomado de compaixão por eles”, reconhecemos ser ela o fulcro da missão apostólica de Jesus e - desejado ardentemente por Ele – também dos Apóstolos e de seus seguidores. É essa compaixão que faz Jesus se voltar sempre de novo para seu povo e para cada um de nós, e “ensinar-nos muitas coisas” (v.34). Prelúdio da multiplicação dos pães, origem do milagre anunciador da eucaristia.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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