Reflexão do Evangelho de Quarta-feira – 26 de Fevereiro
Reflexão do Evangelho
de Quarta-feira – 26 de Fevereiro
Mc 9, 38-40 - O uso
do nome de Jesus
Os
primeiros cristãos, de origem judaica, têm perante seus olhos o nome divino, dado
pelo próprio Deus a Moisés: “Eu sou aquele que sou”. Nome irredutível a
qualquer outro nome. Realidade inefável. A mesma ideia tinham eles a respeito
do nome de Jesus, que, em seu poder, imprime no cristão a sua imagem
misteriosa, mas real, santificando-o. Opera-se nele uma verdadeira
transformação. Destaca o Apóstolo S. Paulo: “Nós refletimos como num espelho a
glória do Senhor, somos transfigurados nessa mesma imagem, cada vez mais
resplandecente, pela ação do Senhor, que é Espírito” (2Cor 3,17).
Se
a transfiguração do homem se realiza, graças à presença do Senhor, não só entre
nós, mas em nós, seria possível alguém apoderar-se da ação ou do ministério de
Jesus? O Apóstolo S. João relata a Jesus: “Mestre, vimos alguém que não nos
segue, expulsando demônios em teu nome, e o impedimos porque não nos seguia”. O
Mestre o ouve atentamente, mas, movido pelo desejo de instrui-lo, busca abrir
os horizontes de sua mente, a fim de fazê-lo ver que a história da Salvação ultrapassa
os limites da história bíblica. A ação divina vai além dos que aderem
explicitamente à sua mensagem.
No século II, Clemente
de Roma fala da história da Salvação que, regida pelas leis fundamentais da
doçura, da paz e da humildade, compreende judeus e cristãos, mas também pagãos.
Neste sentido, escreve S. Agostinho: “Como existe na Católica o que não é
católico, assim também pode haver algo católico, fora da Católica”. O Apóstolo S.
Paulo exclama: “Cristo é proclamado, e com isso eu me regozijo” (Fl 1,18). Ele reproduz
a resposta dada por Jesus aos Apóstolos: “Não o impeçais, pois não há ninguém
que faça um milagre em meu nome e logo depois possa falar mal de mim”. O que
leva S. Agostinho a comentar: “Jesus permite que ele continue a agir, pois
assim recomendava seu nome, útil a muitos”.
À
diferença dos escribas e fariseus, intransigentes, Jesus recomenda aos
Apóstolos uma atitude de tolerância e de bondade. Os sentimentos dos Apóstolos,
talvez de inveja ou de ciúme, deveriam ser superados pela satisfação de ver o
bem realizado. Aliás, o bem do próximo suscita experiência diversa: amor ou
inveja. Quem ama regozija-se com o bem, o invejoso, ao invés, sente-se
diminuído pelo bem do outro. Porém, sem prender-se a tais reações, Jesus quer
transportar os Apóstolos acima de suas estreitas ideias e, assim, introduzi-los
nos mistérios da sabedoria e do conhecimento de Deus. Pois alçar os olhos é
deixar arder em seus corações o amor divino e desejar o bem do próximo. Então,
eles compreenderão as palavras do Mestre: “Quem não está contra nós está
conosco”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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