Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 21 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 21 de Fevereiro
Mc 8, 34-9,1: Condições para seguir Jesus
        
         As palavras de Jesus refletem doçura e respeito à liberdade: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. Salienta S. João Crisóstomo: “Ele não força, não constringe, mas torna cada um senhor da sua livre escolha”, pois a sua missão é resgatar, na misericórdia e no amor, os corações despedaçados e a humanidade pecadora. Sem dúvida, há os que se opõem à reconciliação e estabelecem um conflito entre o reino de Deus e o reino das trevas, levando o Mestre a intimar seus ouvintes a escolher, de modo claro e firme, com palavras bastante incisivas: “Quem quer salvar a vida, vai perdê-la, mas o que perder a sua vida por causa de mim vai encontrá-la”. Diante destas palavras, S. João Crisóstomo exclama: “A vida obtida de modo indevido torna-se perdição. Pior ainda. Não há nada que a possa resgatar. Que vantagem lhe advém, mesmo ganhando o mundo, se perde a sua alma?”
Os Apóstolos e muitos outros mártires são um exemplo da necessidade de escolher para se tornar digno do Senhor. Tocante é o desejo manifestado por S. Inácio de Antioquia a caminho do martírio: tornar presente as virtudes de Cristo, seus padecimentos e sua morte. Vitória do amor contra o reino do demônio, que deseja desviar-nos do bem para o mal, da verdade para a decepção, da luz para as trevas, da vida para a morte. Nesta batalha espiritual, não há meio termo. Não se pode deixar de escolher.
       Se as exigências são grandes, elas, porém, enraízam-se, no dizer de S. Paulo, na grandeza mesma da missão, conferida ao cristão, que inflama seu coração, sem cessar, e o conduz, pelo poder do Espírito Santo, ao inefável mistério divino. Movimento da alma para Deus, expresso no amor, dom inefável, com o qual se ama a Deus e a seus semelhantes. O amor, dilatando o nosso coração, torna-nos disponíveis e reconhecemos que o menor serviço, feito em benefício do próximo, adquire um valor incomensurável: “Quem se declarar por mim diante dos homens, também eu me declararei por ele diante de meu Pai que está nos céus” (Mt 10,32).             
       A renúncia, no seguimento do Senhor, situa-se positivamente no interior da prática do bem, de sorte que S. Francisco de Assis, ao despojar-se das riquezas materiais e das glórias humanas, sente-se livre para servir a todos, especialmente, os mais pobres, fazendo-se um deles. Em seu coração arde o amor pelo Senhor, que o leva a passar horas e noites exclamando: “Meu Deus e meu tudo!” E, saboreando essas palavras, com lágrimas nos olhos, repetia incansavelmente: “O Amor não é amado”.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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