Reflexão do Evangelho de Quarta-feira – 19 de Fevereiro
Reflexão do Evangelho de Quarta-feira – 19 de Fevereiro
Mc 8, 22-26: A cura do cego de Betsaida
Com esta
passagem, conclui-se a controvérsia de Jesus com os fariseus sobre os ritos de
purificação. Logo após atender ao pedido da Cananeia e ainda na região da
Decápole, Ele realiza a cura do cego de Betsaida. Em tais milagres reafirma-se
a ideia de que a verdadeira pureza brota do interior do coração e é fruto da fé
concedida por Deus. A repreensão feita, anteriormente, aos fariseus e aos discípulos,
por não terem compreendido suas palavras, é uma dramática preparação para a cura
desse cego. Talvez para provocá-los, por causa da incompreensão deles, o Mestre
leva o cego a um lugar à parte. A restituição gradativa da visão ao cego, em
dois tempos, induz a visualizar o processo de conversão interior ou a cura da
cegueira espiritual. De fato, primeiramente, aquele que era cego vê, de modo
turvo, as “pessoas que nem árvores andando”. De modo semelhante, apesar do
contato assíduo com o Senhor, os discípulos não captam logo o sentido de suas
palavras, pois também eles, para atingir a grandeza da fé, deverão passar por
uma preparação. Só após, como seus autênticos e fiéis seguidores, eles “contemplarão
claramente”, o sentido de suas palavras.
Em sua divina pedagogia, Jesus utiliza
um modo simples e direto para expor o significado de sua pessoa e de seus
ensinamentos. No primeiro momento, os discípulos o reconhecem em sua natureza
humana, só posteriormente, após a Ressurreição, irão confessar a sua natureza
divina. Eles o experimentam não como um divino anônimo, mas, no abismo da
alegria interior, vislumbram nele o rosto humano de Deus, de um Deus que “se
aniquila” com amorosa loucura, no cumprimento de sua missão pessoal de
Salvador.
Os discípulos, então, declaram o que
dirá, mais tarde, S. Atanásio: “Deus se tornou portador da carne, para que o
homem pudesse tornar-se portador do Espírito divino”. É uma vida segundo o Espírito, no nível do ser e do
agir. Mergulhados num imenso movimento de encarnação, os discípulos, de ontem e
do futuro, são levados a percorrer o caminho traçado pela própria Palavra proclamada
por Jesus. Jamais estarão presos ao mero sentido
literal da Palavra, mas tendo-o como ponto de partida, eles passam pelo sentido moral para
alcançar o sentido mais profundo e provocador, o espiritual. É o conhecimento
progressivo da mensagem de Jesus: ir da letra ao espírito, da sombra à realida,de,
da figura à verdade. O Filho de Deus encarnado, crucificado, glorificado
constitui lugar de ressurreição, em que o homem se eleva até Deus.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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