Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 17 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 17 de Fevereiro
Mc 8, 11-13: Fariseus pedem um sinal do céu

           O Evangelho narra que “os fariseus saíram e começaram a discutir com Jesus. Para pô-lo à prova, pediam-lhe um sinal vindo do céu”. É admirável a serenidade do Senhor, que já tinha realizado tantos milagres e sinais. Que queriam eles? Qual sinal do céu? S. João Crisóstomo responde: “Sem dúvida, pensavam que Ele devesse parar o sol, ou pôr freio à lua, ou fazer cair raios do céu ou transtornar a atmosfera ou algo nessa linha. Seus inimigos talvez pensassem nos sinais que ocorreram no tempo do faraó. Caso pudéssemos responder, diríamos que, naquele caso, tratava-se da libertação da escravidão de um inimigo, daí a razão de tais sinais. Aquele que ali estava, porém, se apresentava como amigo a seus amigos, não tendo necessidade de tais sinais”. Por isso, Jesus nega-lhes o direito de um sinal “e deixando-os, embarcou de novo e foi para a outra margem”.
         Ao desejarem que Ele autentique, com um sinal, a sua obra, os fariseus reconhecem, ainda que indiretamente, a vinda de Jesus como algo especial, possivelmente, por causa de sua doutrina e de seus ensinamentos, sobretudo, pelas ousadas interpretações da Lei. Mas seus corações permaneciam distantes, fechados ao grande acontecimento de sua presença, última chance para alcançar a salvação. Comentando esta passagem, Orígenes exorta seus ouvintes a não terem, como os fariseus, os olhos do corpo fechados ao Senhor. Ao invés, ele os aconselha a contemplá-lo com os olhos do coração. “Se assim o fizerdes, em vossos olhos resplandecerão a brilhante luz do seu olhar e podereis dizer: ‘A luz do teu rosto, Senhor, deixou o seu sinal em nós’”.  
           Ora, Jesus acabara de realizar o milagre da multiplicação dos pães. Mesmo assim, seus adversários exigem uma manifestação do próprio Deus, que o confirme por meio de um sinal. Diante de tamanha descrença, seus olhos turvaram-se e Ele exclama: “Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando terei de suportar-vos? (9,19).  
           A intenção dos fariseus não é chegar à verdade, ela é bem outra: simplesmente experimentá-lo e desmascará-lo. Eles não se deixam penetrar pelas palavras e atos do Senhor, pois não admitem que o único caminho para se reconhecer a verdade da cruz é a liberdade da graça e do amor, verdadeira força que salva o mundo e reconcilia a humanidade com o Pai celestial. Nesse sentido, são significativas as palavras de S. Gregório de Nazianzo: “Nada se iguala ao milagre da minha salvação: algumas gotas de sangue renovam todo o universo”.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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