Reflexão do Evangelho de Quarta-feira – 12 de Fevereiro
Reflexão do Evangelho de Quarta-feira – 12 de
Fevereiro
Mc 7, 14-23: Lição sobre o que é puro ou
impuro
Após mostrar o sentido
profundo das tradições judaicas, Jesus se dirige aos que o cercam e lhes diz
que não é o que vem do exterior, mas “o que sai do homem, isso é o que o torna
impuro”. Tertuliano interpreta estas palavras como sendo uma exortação, para
que “sigamos ao Senhor, nós seus servos, e suportemos com paciência as injúrias
recebidas e, assim, possamos bendizê-lo. Pois quando alguém diz algo insolente,
com pouca moderação, ou algo mal contra mim, eu posso julgar que é necessário
responder com idêntica amargura ou com um silêncio cheio de impaciência. Se eu maldigo,
conclui ele, como poderia considerar-me seguidor dos ensinamentos do Senhor, para
quem o homem não se mancha com a sujeira dos copos, mas com o que sai de sua
boca?” Jesus não fala de animais puros e impuros, nem dos preceitos
alimentares, mas sua intenção, como bem interpreta Tertuliano, é ir diretamente
ao interior do homem, ao seu coração, fonte de seus pensamentos e desejos e,
consequentemente, causa de atitudes desonestas e de más ações.
Certa tristeza
transparece na resposta de Jesus aos Apóstolos, quando estes lhe interrogam
sobre o sentido das palavras, que Ele acabara de dizer. A interrogação do
Senhor soa como um suspiro da alma: “Nem vós tendes inteligência?” Mas sua
paciência é sem limites. Olhando-os fixamente, Ele volta a enfatizar que não
são os alimentos, que tornam o homem impuro, a verdadeira mancha, a mancha
moral, não é causada pelo alimento ou por algo exterior ao homem, ela provém do
seu interior. Observa Orígenes: “Não nos manchamos se nos alimentamos com as
coisas que os judeus, sendo escravos da letra da Lei, dizem que são impuras. Nós
nos contaminamos quando, em vez de sujeitar nossos lábios à inteligência e à
sabedoria, nos colocamos a falar sobre coisas inconvenientes”.
A verdadeira profanação tem sua fonte nos
maus desejos, presentes no interior da pessoa. Por isso, o Apóstolo S. Paulo,
na carta aos Romanos, recomenda transparência no agir e pureza de intenção, e
persuade a deixar-se guiar pela caridade, “sem fingimento” (anhypócritos), isto
é, sem hipocrisia. Urge estabelecer vínculos de união com todos, no amor
sincero, “com um coração verdadeiro”. Por coração, ele entende “o lugar”, sede
decisiva do agir humano, que torna o homem puro ou impuro. Seu estilo de vida e suas
ações corresponderão ao que está em seu coração, se ele é movido pela ganância
ou pelo egoísmo ou pelo desejo de que o bem seja vitorioso na vida de seu semelhante.
Os discípulos são, assim, concitados a ir além
do simplesmente humano e material para expressar o amor de Deus, presente em
sua vida. Eles amam a todos no próprio amor que lhes é comunicado por Deus. Mas
no dom da liberdade, concedido pelo Senhor, cabe-lhes optar. Quanto ao Senhor, Ele está sempre pronto a
transformar e a purificar os corações dos discípulos, pela ação e pelo poder do
Espírito Santo, capacitando-os a escolher o que é bom e a rejeitar o que é
errado e pecaminoso. A cada um cabe tornar-se puro ou impuro, em seu interior.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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