Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 10 de Fevereiro
Reflexão do Evangelho
de Segunda-feira – 10 de Fevereiro
Mc 6, 53-56: Curas ao
redor de Genesaré
Uma vez mais, Jesus encontra-se na região da
Galileia, mais precisamente, em Genesaré, vasta faixa de terra fértil, situada
na planície de Genesar, na margem ocidental do lago do mesmo nome. Além da
multiplicação dos pães e do fato de caminhar sobre as ondas do mar, Ele realiza
aí muitos outros milagres. Admirado, o povo o considera mais do que um simples
taumaturgo e, maravilhado com os seus ensinamentos, compara-o a Moisés, que com
autoridade falava ao povo, no deserto. À mente de todos, surge a questão: não é
ele o Messias? O milagre provoca curiosidade e espanto. O povo vê-se diante do
inaudito e do estupendo, manifestações do milagre, que os encanta e os inebria,
deixando, no entanto, na penumbra, o essencial. S. Agostinho observa: “O
milagre é, principalmente, sinal da presença atuante de Deus em nossa
história”.
No milagre revela-se
a singular filiação divina de Jesus, Filho Unigênito de Deus Pai. Por isso, ao realizar
um milagre, Jesus impõe, previamente, uma condição: ter fé, confiar em Deus e colocar-se
totalmente em suas mãos. Sinal da ação divina, o milagre atesta o imenso amor
de Deus, presente no mistério da Encarnação do seu Filho e manifestado, em
plenitude, em sua Morte e Ressurreição. No entanto, urge purificar nosso
coração e nossa mente, lançando fora, diz S. Agostinho, “a areia dos olhos,
pois, para ver a luz, é necessário primeiramente limpá-los”.
Manifestada
no milagre, a graça divina anuncia um Deus que quer nos abraçar como seus filhos,
o que supõe compreender a experiência de Jesus em sua relação com o Pai, relação
que não se equivale a nada conhecido por alguém, a não ser que se coloque na dependência
de Cristo e da fé, que Ele desperta em nós. Portanto, o aspecto extraordinário não
é essencial ao milagre, mas sim a fé que nos comunica essa filiação
literalmente divinizante, e isso, por ser Jesus – friso enfaticamente - o Filho
de Deus no pleno sentido da palavra: desde toda eternidade. No Filho Jesus
tornamo-nos filhos de Deus. Então, a esperança envolve nossa alma e nos remete,
no Filho, à experiência de nossa própria ressurreição, momento escatológico, em
que conheceremos Deus como Ele sempre nos conheceu. Essa experiência, momento
sublime e único, assegura-nos a possibilidade miraculosa de nossa filiação divina,
na participação da generosidade do “ágape”, amor que não apenas se dá
totalmente, mas que dá a nós a graça de viver como Aquele que nos ama. Se o
milagre atesta a presença de Deus entre nós, o encontro com o Senhor confirma,
na fé, ser Ele o “Filho de Deus”, e ser Ele aquele que, realmente, pelo
Espírito Santo, nos permite comunicar aos outros essa experiência de filhos de
Deus.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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