Reflexão do Evangelho de Sábado – 15 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho de Sábado – 15 de Fevereiro
Mc 8, 1-10 -  Multiplicação dos pães (segunda)
        
         Jesus sobe à montanha e senta-se. Os enfermos que dele se aproximam são curados, sinal da grandeza de sua misericórdia e da presença do poder de Deus. Realizam-se, assim, as palavras dos profetas que anunciavam o Messias como aquele que reuniria as ovelhas dispersas e desgarradas, feridas e débeis. Verifica-se, igualmente, o que os discípulos consideravam impossível: alimentar, naquele lugar desértico, a multidão de pessoas que o seguia. Aos seus olhos certamente surgia a imagem da solicitude de Deus, alimentando no deserto o povo de Israel.
Muitos que lá se encontram vieram de longe. Como alimentá-los? Quem toma a iniciativa é o próprio Jesus, que, olhando ao seu redor, exclama: “Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que está comigo e não tem o que comer”. Mais do que um simples sentimento, a palavra compaixão expressa algo que provém do interior de sua alma, de suas entranhas (splagxvízomai). Jesus vai ao encontro das pessoas, percebe suas necessidades, e com ternura diz: “Não quero despedi-las em jejum, de medo que possam desfalecer pelo caminho”. E, após a tríplice ação de bendizer, partir e dar, que terá mais tarde seu paralelo na última ceia, Ele lhes propicia alimento em abundância.
         Os Santos Padres consideram este fato como uma alusão à instituição da Eucaristia. Nesse sentido, escreve S. Hilário de Poitiers: “Aquela multidão é saciada pela Palavra de Deus, proveniente da Lei e dos profetas, e da abundância do poder divino, reservado aos pagãos, juntamente com o serviço do alimento eterno, comunicado aos Doze Apóstolos”. Com efeito, a Eucaristia será também denominada “ágape” para indicar o amor generoso e gratuito de Deus, doando-se à humanidade como alimento espiritual. O ágape caracteriza a comunidade messiânica, na qual o cristão recebe o “alimento superabundante”, que S. Ambrósio descreve como sendo “a grande ceia messiânica, oferecida às comunidades provenientes de perto, os judeus, ou de longe, os pagãos. Para participar dela, mais importante do que lavar as mãos é purificar o coração a fim de “compreender” que, em Jesus, Deus se fez presente no íntimo do homem e o alimenta com sua própria vida”.
          Desde já, a mesa do Reino torna-se acessível a todos, também aos pagãos, contanto que eles acolham, no poder daquele que fez todas as coisas, a Palavra transformadora e renovadora de Deus.  É o ágape divino, celebrado em cada Eucaristia, presença de Cristo no dom de si mesmo, que nos diz: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é o meu corpo, para a vida do mundo” (Jo 6, 51s). Todos os que vivem a caridade participam da Eucaristia, que, no dizer de S. Agostinho, nos assemelha sempre mais a Cristo, pois “nós somos o que recebemos”.  


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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