Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 11 de Fevereiro
Reflexão do Evangelho
de Terça-feira – 11 de Fevereiro
Mc 7, 1-13: Discussão
sobre as tradições farisaicas
Os
pensamentos dos que o rodeiam e as considerações evasivas não passam
despercebidos, pois Jesus conhece “até suas intenções interiores mais
profundas” (S. Clemente de Roma). Por isso, a pouco e pouco, ele leva seus
discípulos a se desprenderem das práticas farisaicas, meramente exteriores e
insuficientes, que eram impostas ao povo, qual fardo insuportável. Os fariseus
atribuíam o máximo valor aos insignificantes preceitos da Lei, estendendo-os à
vida comum de cada dia. Jesus os recrimina e fala de hipocrisia, nem sempre
para caracterizar a simulação, mas um legalismo exagerado, que obscurece a misericórdia
divina.
Acima das prescrições
e sacrifícios, dos preceitos humanos e do serviço simplesmente dos lábios, Jesus
situa a honra devida ao Pai e o verdadeiro culto a Deus, jamais a expensas do
amor ao próximo. Ouvindo-o, a multidão é sacudida por um vento suave, porém
gélido. Se a novidade a alegra, esta não deixa, porém, de assustá-la, desde o
momento em que ela nota ser Jesus, abertamente, contrário aos escribas e
fariseus. Faz-se profundo silêncio, do qual emerge algo maravilhoso. Uma luz
interior envolve a todos e eles vislumbram que o amor, anunciado pelo Mestre,
corresponde às palavras dos profetas, que proclamam a misericórdia, para além
da intransigência e do falso legalismo.
Descortinam-se
novos horizontes. Os ensinamentos de Jesus não se confundem com as prescrições farisaicas,
mas chegam aos seus corações, não falam apenas de costumes, mas apontam para os
mandamentos, que os conduz a uma sincera atitude interior, no cumprimento da vontade
do Pai. Orígenes exclama: “Tornamo-nos impuros pelo que sai de nossos lábios,
não pelo que entra em nossa boca. Aos fariseus Ele diz: ‘Vós purificais o
exterior do copo e do prato, e por dentro estais cheios de rapina e de
perversidade’”. Ora, Jesus deseja libertá-los de um coração vazio, guiado por
desvios egoístas, mascarado por pretextos piedosos. Seu apelo é claro: não
permanecer apenas no exterior, mas partindo dele ir ao interior, do material ao
espiritual, para alcançar a pureza do coração. Ele alerta contra todo tipo de duplicidade
e falsidade, pois só se pode procurar Deus com uma intenção reta, íntegra e
total. Ele os exorta a se deixarem guiar pela prática do primeiro e maior
mandamento da Lei de Deus, o amor misericordioso, vivido e testemunhado, jamais
eclipsado. Os fariseus não o compreendem e bradam injúrias contra Ele, no
entanto, a multidão se rende aos seus ensinamentos, ao menos, temporariamente.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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