Reflexão do Evangelho de Jo 17, 1-11 - Oração de Jesus - Terça-feira 03 de Junho
Reflexão do Evangelho de Jo 17, 1-11 - Oração de Jesus
Terça-feira 03 de Junho
A caminho do
monte das Oliveiras, erguendo os olhos para o céu estrelado, Jesus pede ao Pai
que glorifique o Filho, “para que teu Filho, diz Ele, te glorifique”. Num tom de suave e paternal ternura, Ele
revela, nesta prece, o seu “interior”, o sentido de sua obra e de sua vida. Das
profundezas de suas entranhas, movido de compaixão e carinho, Ele conduz seus
discípulos a uma filial confiança em Deus, denominado, repetidas vezes, “Pai”,
“Pai santo”, “Pai justo”. Mas agora, aproxima-se o momento em que Ele será
entregue nas mãos de seus inimigos. Pasmos os discípulos ouvem sua voz serena e
imperturbável: “Pai, chegou a hora! Glorifica teu Filho, para que Ele te
glorifique”. Naquele instante solene, perante seus discípulos, Ele profere a oração “sacerdotal”, revelando a
sua última vontade, o seu testamento.
No seu imenso amor, Ele roga por
aqueles que, graças à sua Palavra, crerão nele, para que todos sejam um, “como
tu, Pai, estás em mim e eu em ti”. São os albores da revelação do mistério
trinitário, que já iluminam os átrios da futura Igreja. A lua cheia tingia os
horizontes, o olhar terno de Jesus dirige-se aos discípulos: “Rogo pelos que me
deste, porque são teus e tudo o que é meu é teu e tudo o que é teu é meu”. Surpresos
e, ao mesmo tempo, profundamente consolados e fortalecidos, os discípulos sentem-se
incluídos na própria filiação do Filho Unigênito. Unidos a Jesus, eles são
conduzidos ao coração do Pai, como filhos amados, reconhecendo que tudo quanto Jesus
possuía provinha do Pai, suas palavras, sua origem divina e sua missão
salvadora. E é o próprio Filho que intercede por eles e por todos os que,
através dos tempos, o seguem.
Sua voz eleva-se ao Pai, glorificando-o sobre
a terra e rogando por todos os discípulos. Limite, se há, é a recusa da parte
dos homens, pois sua prece enlaça, em seu ardente amor, “todos os que fundados
em suas palavras, hão de crer nele”. A luz da Páscoa já refulge em seus irmãos,
confortando-os. Seu olhar penetra seus corações. Jesus se cala, não mais ora. Ele
é oração. Ele é comunhão serena com o Pai, comunhão que se irradia e abraça os
discípulos de todos os tempos, que respiram o ar da unidade. Porque, escreve S.
João Cassiano, “mediante a oração do Senhor, o amor com que ‘Deus nos amou por
primeiro’ entra em nosso coração: a partir de então respiraremos, pensaremos e
falaremos nele”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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