Reflexão do Evangelho de Jo 17, 20-26 - Que todos sejam um como nós, ó Pai - Quinta-feira 05 de Junho
Reflexão do Evangelho
de Jo 17, 20-26 - Que todos sejam um como nós, ó Pai
Quinta-feira 05 de Junho
Encontram-se
os Apóstolos diante de dois momentos da vida de Jesus: sua missão terrena e seu
retorno para junto do Pai. Nascido de Maria, Jesus assumiu nossa humanidade
para libertar-nos do mal e do pecado. O nosso Salvador tornou-se um de nós, fazendo
parte de nossa história, para nos conduzir ao Pai. Indicou-nos que viver é
percorrer o caminho que leva ao Pai celestial. Pasmos, perguntamo-nos: Como é possível
que a salvação de todos dependa de uma única pessoa? Para S. João, Jesus não é simplesmente
“um” (en) entre tantos, Ele é esse único, em quem todos nós somos “um” (eis) só.
De início, também os Apóstolos
ficaram confusos e não entendiam bem o significado desse mistério. O Apóstolo
S. Paulo só alcançou os umbrais do mistério às portas de Damasco, ao ouvir:
“Saulo, Saulo, por que me persegues? ” Ora, ele não estava lá procurando Jesus,
mas sim os cristãos. Por isso, ao ouvir essa voz do alto, evidencia-se para ele
que Cristo e os cristãos são um só. O próprio Jesus, ao longo do Evangelho, já
tinha proclamado aos Apóstolos: “Quem vos recebe, a mim recebe, quem vos
rejeita, a mim rejeita”. Não menos vigorosa, soava ainda forte no coração dos
discípulos a afirmação: “Cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais
pequeninos, a mim o fizestes”.
Mais
tarde, S. Gregório de Nazianzo irá expressar essa unidade de Jesus com a
humanidade regenerada na célebre frase: “O que não foi assumido, não foi salvo”.
E Ele assumiu toda a nossa realidade, exceto o pecado. Por sua vez, S. Atanásio
dirá: “Deus se fez homem para que o homem se tornasse Deus”, o que será
professado pelo Concílio de Calcedônia, na definição de fé: sendo Deus, Jesus é
consubstancial ao Pai e, sendo homem, é consubstancial a nós em sua humanidade.
De nossa parte, urge que nos disponhamos à comunhão com Cristo, efetivada na vinda
e na ação do Espírito Santo, que com seu fogo purificador nos transforma e nos
molda à semelhança do Filho. Então, nós amaremos o Pai como só o Filho o ama,
ou seja, no próprio amor com que o Pai o amou.
É incontestavelmente
essencial que nos entreguemos à revelação do amor divino (ágape), para que
possamos amar o Pai como Ele ama as suas criaturas, como Ele ama o seu Filho e
nele todos nós. Uma ponta de dúvida permanece
na mente dos Apóstolos, que só o compreenderão totalmente, quando “o amor de
Deus for derramado em seus corações pelo Espírito Santo”, diz o Apóstolo S.
Paulo. A partir de então, introduzidos na unidade de Deus, o Sumo Bem, eles
viverão o mistério de Cristo, à imagem de quem todos nós fomos criados, e
participarão da vida divina, no eterno “Presente” de Deus. A infinita dileção de
Deus, revelada em Jesus, descido do mais alto dos céus, roreja o orvalho
vivificante da graça em seus corações de carne, comunicando o amor, que, ao se
dar, recria, transfigura e ressuscita. Por Jesus, os discípulos tornam-se um com
o Pai no Espírito Santo.
Dom Fernando Antônio
Figueiredo, OFM
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