Reflexão do Evangelho de Mt 7, 15-20 - Os falsos profetas - Quarta-feira 25 de Junho

Reflexão do Evangelho de Mt 7, 15-20 - Os falsos profetas
Quarta-feira 25 de Junho   

         No Evangelho de hoje, Jesus nos diz: “Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos ferozes”. Com efeito, desde a Igreja nascente há verdadeiros e falsos apóstolos, profetas ligados à Igreja e pseudoprofetas, pois no campo do Evangelho, o joio procura seu espaço ao lado dos autênticos evangelizadores. Distingui-los, não é simples. Os pseudoprofetas demonstram fé e vida cristã, apenas aparentemente, mas penetram a Igreja sorrateiramente e buscam suplantar o trigo. A linha divisória só será traçada por Deus no fim dos tempos, agora, a desaprovação deles baseia-se nas consequências e nos efeitos de seus atos, pois neles não há coerência entre o aspecto externo e a sua natureza. Eles são como “lobos vorazes”.
Nesse sentido, observa S. Hilário de Poitiers: “Muitos que se achegam, com palavras doces e com falsa mansidão, devem ser acolhidos ou não segundo o fruto de suas obras. Cada qual se dá a conhecer, não simplesmente por suas palavras, mas por suas ações e comportamento”. O critério para identificar os verdadeiros dos falsos profetas é dado pelo próprio Senhor: “Não há árvore boa que dê maus frutos, e nem árvore má que dê frutos bons”. Se suas palavras e discursos não nos fazem suspeitar de suas intenções ocultas, porém, jamais seremos enganados se olharmos para os seus frutos. Diz S. Beda: “As árvores são os homens e os frutos são suas obras”.
        No entanto, embora sejam as consequências efetivas das palavras, isto é, os atos o motivo da rejeição dos falsos profetas, a causa última e decisiva reside na livre decisão do homem. De fato, no dinamismo do drama da liberdade existem aspectos desconcertantes. A trama da existência humana manifesta, de alguma maneira oculta, a presença de Deus e a presença correlativa do mal, que aparece como ausência de Deus. Porém, não se pode assinalar como fonte ou inspiração do mal a natureza do homem, porque, criado por Deus, ele traz a imagem e a semelhança do Senhor. Cabe a ele assemelhar-se ou não, livremente, a Cristo. Portanto, cabe a ele seguir ou não os falsos profetas, que apregoam uma religião fácil, eliminando da fé cristã a cruz e a verdadeira penitência; e, movidos pelos próprios interesses, dizem o que os outros querem ouvir. O verdadeiro profeta, identificado pelo modo de ser e de viver, produz bons frutos. Este anuncia Cristo a quem louva e a quem suplica em suas necessidades. Ele evoca a Presença que conjura o mal e remete seu semelhante, por suas palavras e atos, à experiência de Deus.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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