Reflexão do Evangelho de Mt 7, 1-5 - Não julgueis para não serdes julgados - Segunda-feira 23 de Junho
Reflexão do Evangelho de Mt 7, 1-5 - Não
julgueis para não serdes julgados
Segunda-feira 23 de Junho
Muitos
mestres em Israel pronunciaram-se contra o julgamento desfavorável do próximo, ato
pelo qual lhe seria negada a salvação. Hilel recomenda: “Não julgues o teu próximo,
enquanto não estiveres em seu lugar”. Nesse mesmo sentido, Jesus exorta seus
discípulos: “Não julgueis para não serdes julgados”. A expressão evangélica “não
julgueis” não se refere propriamente a um julgamento de valor; não indica se um
ato é bom ou mal. Situa-se no nível espiritual para expressar um julgamento de alcance
sobrenatural. Por isso, Jesus acrescenta imediatamente: “para não serdes
julgados”, em que o verbo é um “passivo divino” e indica que o sujeito da ação
é Deus e que a perspectiva aponta para o futuro. Em outras palavras, cada um de
nós possui um espírito crítico, mas não nos pertence o direito de emitir um
julgamento em nível eterno. Nenhuma criatura humana pode determinar a salvação
ou não de alguém.
Com tais palavras, Jesus quer simplesmente
estimular o discípulo a crescer no amor fraterno e aprender a perdoar, para não
fazer como aquele homem que recebe o perdão de uma dívida enorme e não é capaz
de perdoar o pouco que o seu amigo lhe devia. Há um dito rabínico muito
apropriado: “Quem julga seu vizinho favoravelmente, será favoravelmente julgado
por Deus”. De fato, se é fácil, por um lado, levantar um preconceito, por outro
lado, difícil é julgar de modo imparcial. O julgamento espiritual, que leva em
conta, sobretudo, o interior e as intenções alimentadas no coração da pessoa, é
geralmente “desfocado”. Não se consegue desvendar o interior do outro, nem se
tem acesso às suas intenções e aos fatores interiores e mesmo exteriores que
determinam a sua ação.
Portanto, permanece o lema diário
de “pensar sempre o melhor do outro” para “não serdes julgados, adverte Jesus,
porque com o mesmo julgamento com que julgais, sereis julgados, e com a mesma
medida com que medis, sereis medidos”. O essencial é crescer no amor a Deus e
ao próximo, sem excluir a exigência da correção fraterna. Por conseguinte, perdura
o dever da advertência, compreendida como expressão do amor devido a quem se repreende.
É exatamente o modo como Deus age em relação a nós. S. Agostinho escreve:
“Alguém pecou por cólera, e tu o repreendes com ódio. Há grande diferença entre
cólera e ódio, assim como entre um cisco e uma trave. Pois o ódio é a cólera
entranhada: com o tempo, ele adquire tanta força que de cisco poderá se
transformar em trave. Se tu só te irritas, tu podes ter a boa vontade de
corrigir o culpado; mas se tu o odeias, tu não podes querer sua emenda. Lança
para longe de ti teu ódio: e então, este homem que tu amas, tu poderás
corrigir”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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