Reflexão do Evangelho de Mt 5, 13-16 - Vós sois o sal da terra e a luz do mundo - Terça-feira 10 de Junho
Reflexão do Evangelho de Mt 5, 13-16 -
Vós sois o sal da terra e a luz do mundo
Terça-feira 10 de Junho
A Boa-Nova
anunciada por Jesus é a mensagem de salvação, isto é, da participação de todos
na glória eterna de Deus. Esta promessa, desejada por todo ser humano, só se
realiza com uma condição: de ele não se fechar sobre si mesmo e que haja
verdadeiros evangelizadores. Por isso, visando fazer seus discípulos compreenderem
a importância da missão de transmitir os seus ensinamentos, Jesus utiliza imagens
simples e populares, o sal e a luz. O
sal, valiosa mercadoria no mundo antigo, purifica, penetra e preserva os
alimentos, mas, quando impuro, torna-se insípido e perde todo o seu valor e
nada há que possa restituir o seu sabor. Se assim forem os Apóstolos,
insípidos, também eles serão desdenhados pelo povo e suas palavras não terão força
transformadora e o desespero tomará o lugar da esperança. Mas se forem como o
sal puro, eles serão destinados a purificar e a preservar a sociedade humana para
que nela vigorem os valores do Evangelho e reinem a justiça e a paz.
O Evangelho não se assemelha em nada a
uma pregação moralizadora. Mas isto não significa que os discípulos sejam isentos
de perder o fervor e a força interior, embora “possuam, diz Orígenes, a
capacidade de se preservar para a vida eterna” (Orígenes). Sem dúvida, alerta S.
Cromácio de Aquileia, “há necessidade de o discípulo ser, constantemente, instruído
na fé e na sabedoria celeste, para permanecer fiel a Jesus até o fim”. Pois é justamente
“pelo pecado, observa S. João Crisóstomo, que ele se torna sem sabor”.
A
abordagem de Jesus é clara e direta. Seus discípulos compreendem o que Ele
deseja comunicar-lhes: uma vida despojada, na qual transpareça a simplicidade (aplotes).
As dificuldades a serem enfrentadas não serão poucas, desde a superficialidade,
alimentada pela vaidade, até à preguiça espiritual. Não obstante tudo, eles nunca
deverão deixar de ser simples e íntegros, jamais admitindo a duplicidade (dipsychia)
ou uma alma dividida.
A imagem da luz é muito sugestiva, tanto pelo
seu uso, necessário à vida, quanto pela importância dada pelos judeus à “luz”, que
a consideravam expressão da beleza interior, reflexo da verdade e da bondade de
Deus, como proclamam os salmos: “Em sua luz vereis a luz” (Sl 36); “Sua Palavra
é uma lâmpada que guia nossos passos” (Sl 119). Anunciadores da Palavra, os
discípulos de Jesus participam do banquete da fé e fazem aflorar a
incandescência da luz do Evangelho, irradiando alegria e paz. No fulgor da
verdade, eles são “conhecidos como aqueles que, por sua vida e por suas obras,
glorificam o Pai que está nos céus” (S. Gregório de Nissa). Eles são o sal da
terra e a luz do mundo.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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